sábado, 26 de fevereiro de 2011

Discos da Minha Vida - Los Hermanos - 4 [2005]

Acho que de todos os discos desses mitos, o menos encarado com seriedade ou idolatria é o 4. Aqui não existe folia, não existe um emprego pesado dos metais, não existe Ana Júlia, não existe Carnaval sem fim, nem Primavera com A Flor. Amarante, Camelo, Medina e Barba denotam a única latente idéia desse disco do início ao fim: a simplicidade.

Daí, a partir dessa característica, torna-se um disco indescritível e essencial na minha vida. Porque eu, dentre inúmeros defeitos, sou passivo, calmo, simples e poético. A produção desse disco assim com o Ventura, foi regada a ares de fazendinha, os Hermanos subiram a Serra, se trancaram alguns dias em uma chácara, e do resultado de um ambiente tão metido a Big Brother nasceu essa obra-prima. Como Medina explica, a importância de alguns amigos na composição foi fundamental. Entre eles, Fernando Catatau e sua guitarra em 'Fez-se Mar', Edu Morelembaum e um empréstimo de idéias que fizeram surgir clarinetes, trompetes e fagotes em 'Dois Barcos', e o vibrafone de Jota Moraes em 'Sapato Novo'.

Sou obcecado por composições simples, bem executadas e perfeitas. Perfeitas, na minha leiguice típica, significa uma métrica impecável, aliada a ironias, declarações de amor, qual do quê, dos quais e poréns. O que só Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo poderiam trazer de uma forma tão moderna e bossa nova style quando nesse disco. Com essa pérola eles saíram do rótulo de adolescentes, apareceram consideravelmente como grandes compositores e iniciaram uma vida adulta.

E é exatamente por essa transformação, que o 4 faz tanto sentido pra mim. Assim como o som que ele emite, percebi que a busca incansável pela personalidade, felicidade, dinheiro, guerra contra o sistema, power for the people e tudo mais que um adolescente pode pensar não faziam mais tanto sentido, já não tinha tanta graça. Era hora de parar, sentar, admirar o que ainda estaria por vir, e seguir em frente, apontando pra fé e remando, com simplicidade, calma e tranquilidade.

Que os sentimentos e a prudência eram realmente importantes, permanecer são, distinguir o benefício do malefício e o que deveria estar em pauta do que deveria ir à merda, revoluções por minuto que me fizeram entender alguma coisas da vida, na minha petulância de achar que entendo alguma coisa quando nem 2 décadas completei direito. Bem, vamos ao que interessa:

Dois Barcos: lindo arranjo. 'Aponta pra fé e rema', segue em frente, veste uma roupa, lava o rosto e começa um novo dia.

Primeiro Andar: deixar ser levado, menos complicações, abaixo as implicações, viva o caminhar, o seguir. 'Não faz disso esse drama, essa dor, é que a sorte é preciso tirar, pra ter.'

Fez-se Mar: talvez a mais simples de todas. a degustação da felicidade, o tal do amor batendo à porta, 'parece que o amor chegou aí.' Coisas que todos sabemos que é passageira, banais, mas, são necessárias a alimentação emocional do ser humano. 'Eu meço no vento, o passo de agora.'

Paquetá: o fora levado diversas vezes, a incansável busca por um amor impossível, os velhos bordões, as velhas situações, a dúvida do desistir, o alívio em não conseguir desistir, a alegria de saber o que o coração quer.

Os Passários: a melhor guitarra do disco. o dia seguinte a uma despedida, o acostumar, 'que diferença? o dia se fez assim.' a única coisa que parece normal é o vôo dos pássaros, a coisa mais anormal é lembrar de quem se foi.

Morena: 'pra nós, todo o amor do mundo'. se o amor parecia que tinha chegado, aqui ele chegou de vez. não há mais maldade, Deus não parece tão injusto, que todos se fodam, não quero saber de mais nada, eu sou feliz, você tá comigo, e é isso que interessa. 'até o fim raiar.'

O Vento: a melhor composição de um filho da puta chamado Rodrigo Amarante. 'não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer.' os clichês, a dúvida, as contradições, nada mais importa muito porque a sensação é boa, marcou e quer ser repetida, no fim das contas é esperar, que 'o vento leva'.

Horizonte Distante: 'por onde vou guiar o olhar que não enxerga mais?' não adianta querer enxergar o que a escuridão já fez se perder, é achar outro horizonte e aprumar. 'que através eu vi, só o amor é luz.'

Condicional: psicologia reversa. 'tanto te soltei que você me quis em todo lugar'. a vida a dois, onde dois significa 1 + 1, sem frescura de dois corpos em um, dois corpos formando um, sacou?

Sapato Novo: 'como vai você? levo assim, calado'. o conformismo chegou, a chuva já secou, não há nada mais pra segurar ou consertar, que tudo seja passado, que venha o novo. 'só levo a saudade, morena, e é tudo que vale a pena'.

Pois é: não deu. que porra se tem que fazer mais? não deu, bola pra frente. é de se entregar o viver.

É de Lágrima: 'que esse daqui, ainda tem muito mais amor pra dar', ouviu?

Link: http://www.*4shared.com*/file/rbVIHlDZ/Los_Hermanos_-_4__2005_.htm

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Leoni - A Noite Perfeita (Áudio do DVD) - [2010]

Carlos Leoni Rodrigues Siqueira Júnior, popularmente conhecido como Leoni. Já confessei aqui que sou particulamente ligado a canções melosas batons na cueca. Acho realmente o amor o sentimento mais ámbiguo do mundo, com variadas interpretações, banalizações, cheio de tragédia e humor. Pois bem, como qualquer romântico de meia tigela, não poderia deixar de gostar de um compositor ultra-romântico como Leoni.

Esse tiozinho é nada mais nada menos que uma máquina de hits, responsável ou co-responsável pelas grandes canções dos anos 80 e pelos maiores sucessos do Kid Abelha. Aprendeu baixo aos 16 anos, entrando para o Kid Abelha em 1981, com 20 aninhos. Aconteceu a ele o mesmo que aconteceu a compositores de alto nível como Arnaldo Antunes, a banda começara a limitar e sufocar a sua própria essência. Daí, o jeito é pular fora do barco.

Chegou e montou os Heróis da Resistência, cujo hit consistiu em 'Herói que Mata', canção que aparece nesse novo ao vivo. A partir daí era se lançar sozinho, e iniciar uma já longa e consolidada carreira solo: Fórmula do Amor, Educação Sentimental, Garotos I e II, Só pro Meu Prazer, 50 Receitas, Carro e Grana, Tempestade das Flores, etc. Ponho um ponto final porque passaria a noite falando em um dos songbooks da década de 80 que mais me enchem os olhos.

Sou fascinado por pessoas que agem e fazem o que meu inconsciente acharia que teria talento para fazer, mas que meu consciente sabe que não chegaria perto. Compor seria uma delas, mas compor repetidamente de forma congruente e qualitativa sobre amor seria praticamente impossível. Cairia na banalidade, nas redundâncias, na possibilidade de arcar com uma dramaticide maior do que minha própria vida real e até criativa. Resumindo, seria uma merda. Mas, o que esse tiozinho faz não é nada perto de merda, e isso não deve ser fácil. Não deve ser fácil acordar pela manhã com um sol batendo na janela e criar um roteiro de uma separação brusca que deveria ter acontecido na noite anterior. Por isso, bato palmas. Afinal, quem não sabe, aplaude. Taí o novo ao vivo do Bryam Adams Brasileiro, enjoy folks!

1-A canção da despedida/Two princess
2-Alucinadas
3-As cartas que eu não mando
4-Dá pra rir e dá pra chorar
5-Do teu lado
6-Duble de corpo
7-É proibido sofrer
8-Exagerado/A noite perfeita
9-Formula do amor/Educação sentimental
10-Garotos II
11-Hora de pular do trem

12-Igual a qualquer um
13-Melhor pra mim
14-Os outros
15-Por qu enão eu

16-Quem além de voce
17-Se não agora, quando
18-Temporada das Flores

19-Um herói que mata
20-Alucinadas ( com Frejat, Herbert Vianna e Leo Jaime)


http://www.*4shared.com*/file/A9IodGW6/Leoni.html

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Seu Chico - Tem Mais Samba [2011]

O tempo ruge, o ritmo é alucinante. Por isso, minha vida em andar sempre por aqui anda dificultosa, mas, nada que abale a vontade, e por isso, continuo. Depois desse pequeno período ausente, taco uma preciosa peça do meu acervo. Quem gosta de Francisco Buarque de Holanda baba por qualquer releitura de sua obra, seja qual for, excetuando claro, qualquer Fresno da vida. O que vier, é lucro. Porque, sinceramente, é difícil transformar uma música do vovô em lixo.

Por isso eu, babão e fanático como de costume, tenho todos os songbooks já apresentados sobre ele, de nego desconhecido a uma turma já batida. Mas, essa, considero uma turma especial. Gosto bastante da Mula Manca e a Fabulosa Figura, banda essa em que notadamente se vê uma abordagem Buarquiana, mesmo que os mesmos neguem. É samba, é bossa, tudo bem. Mas, aqui, deixando todas as influências de lado, se faz umas melhores interpretações do cancionário desse mestre. É porque o sotaque é pernambucano? Claro que é! e tem algum indivíduo mais bairrista que eu? Mas, sobretudo pela imposição das músicas, fica logo explícito na primeira faixa desse áudio, basta escutar 'Caçada' aliada a 'Não Sonho Mais' e já se entende o que quero dizer.

A banda é formada pelo espólio do Mula Manca, retirando da jogada o Castor Luiz, não me perguntem o por quê dele não estar presente. Projetos paralelos, afinidades, joquêpô, vai saber. Com eles se alia o gênio prodígio do piano pernambucano, Victor Araújo, responsável por belos arranjos, dando até uma canjinha de Paranoid de Radiohead. Também participam Negro Grilo, Vinicíus Sarmento. Trago o áudio do cd que vem no dvd, antes que vinherem me cuspir buiufas sobre pirataria, pode ficar sabendo que esse eu vou comprar com orgulho em uma Americanas da vida, é um dvd pra se ter e rever em HD, Blue-ray e o caralho a quatro. Aliás, se alguém conseguir o áudio do dvd, ficarei muito grato.

A foto do post encontrei no blog do Tibério Azul: http://www.tiberioazul.blogspot.com/, e correspondeu a uma peladinha no campo do carioca.

'A música destrói o silêncio entre o corpo e a alma.' Anotem isso.

1- Caçada/Não Sonho Mais
2- Quem Te Viu Quem Te Vê/Paranoid Park
3- Tem Mais Samba
4- A Volta do Malandro
5- Brejo da Cruz/Morena de Angola
6- João e Maria
7- Flor da Idade
8- Não Existe Pecado ao Sul do Equador
9- Jorge Maravilha

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Humberto Gessinger - No Bar Woodstock [2000]

Quem é fã desse cara, tem que ter esse áudio. Em 2000, Humberto Gessinger ainda engajado com os Engenheiros do Hawaii, pós-realização do show épico do disco 10.000 Destinos, realiza um show sozinho, de voz e violão no bar Woodstock em São Paulo. No repertório vários clássicos da banda de composição do próprio além de pout-porris de bandas que fizeram seus gostos desde adolescente, de Pink Floyd até Zé Ramalho. Um clássico.

Essa época os Engenheiros já não eram mais Engenheiros, a Santa Trindade composta por Gessinger, Licks e Maltz há muito tempo não existia e tudo se resumia ao galego. Ele é, e era, os Engenheiros do Hawaii. Esse gessinger-centrismo já fazia parte da banda e para nós, hoje em dia, é normal considerarmos a mutabilidade dentre os integrantes da banda. A manutenção da mesma turma que realizou o Acústico MTV de 2004 até o show dos Novos Horizontes parece de se não acreditar.

Muitos argumentam o formato clichê que ele imprimiu em seu repertório hoje, desde o último disco de estúdio, o Dançando no Campo Minado de 2003, alegam que isso representou um retrocesso na carreira dele e da banda. Apesar de entender o que muita gente quer dizer, não consigo concordar com isso. Humberto Gessinger sempre foi pra mim um ídolo, e isso faz o meu ponto de vista ser contaminado por nuâncias de fã, sempre obscurecendo algumas verdades doídas. Mas, é assim quando se gosta, seja do que for ou de quem for.
O fato é que o galego desde os seus 20 e poucos anos é ligado a música simples e acústica. Em 1993, na crista da onda, a banda lançou seu segundo disco ao vivo em um Teatro com uma orquestra regida pelo Wágner Tizo. Talvez o único motivo pra HG ter largado o baixo, a faixa nos cabelos e os pulos no palco foi o efeito mais simplório e implacável que pode afetar o ser humano. A idade. É, a idade, ele hoje é um coroa, tem canal no dente de ouro, rugas e bigode. O meu ídolo pulando enlouquecido, em pleno Rock In Rio, com um baixo com a bandeira do Brasil, morreu. Morreu, porque significa uma fase, uma fase que todas as pessoas tem em suas vidas, e que um dia, se vai.

Por essas e outras, prefiro curtir a nova fase, mais calma e tranquila, não me deixando esquecer de tudo que já fez, de tudo que eu já idolatrei. Porque apesar de morrermos a cada dia, as obras que fazemos sempre continuarão belas, sempre seguirão aqueles que se deixarem se levar por elas.

01- Welcome To The Machine/Have a Cigar
02 - Eu que Não Amo Você
03 - Negro Amor/Avohai
04 - Eternas Ondas/À Perigo
05 - Quando o Carnaval Chegar
06 - Toda Forma de Poder
07 - Ilex Paraguienses/Alívio Imediato
08 - Refrão de Bolero
09 - Vozes
10 - A Montanha
11 - Muros e Grades/O Preço
12 - Terra de Gigantes/Quanto Vale a Vida?
13 - Crônica
14 - A Cidade em Chamas
15 - Números
16 - Infinita Highway
17 - 3x4
18 - Ouça o que Eu Digo, Não Ouça Ninguém
19 - Parabólica
20 - Wish You Were Here
21 - Perfeita Simetria/O Papa é Pop
22 - Ando Só
23 - Nunca se Sabe
24 - Seguir Viagem/A Revolta dos Dândis
25 - Pra Ser Sincero

Link: http://*www.4shared.com*/file/soaL0EpS/Humberto_Gessinger_Solo_-Wood.htm

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cat Stevens - The Very Best Of [2000]

Se você um dia na sua vida já escutou 'Wild World', se ajoelhe e agradeça aos céus. Você pode ter nascido por causa dessa música.

Esse é Cat Stevens. Seu pai, seu tio e seu avô com certeza ouviram falar nele, você, talvez não. Mas, nunca é tarde. Seu pai é grego, sua mãe romana, mais Stephen Demetre Giorgiu resolveu nascer britânico. Stevens é um daqueles talentos multifacetados, toca vários instrumentos, é educador, filósofo, compositor e mulçumano. É, mulçumano.

Em dezembro de 1977, ainda na crista da onda de sua carreira musical, Cat Stevens teve algum epifania louca e encontrou Deus (no caso, Alá). Com isso, largou as canções pop, mudou de nome, e se tornou mulçumano, passando a se chamar Yusuf Islam. Com Islã até no nome, ele largou o violão e passou a se dedicar a atividades educativas e filantrópicas para a comunidade mulçumana. Ganhava-se um Dalai Lama, mas, perdia-se um puta músico. Por isso que música e religião não podem se misturar, como diria aquela doidinha em um hit do youtube ('- é uma puta falta de sacanagem).

A carreira desse cara é enorme, envolta a vários problemas dentro e fora de campo, se assim eu poderia dizer. Então, vamos falar da meteórica carreira musical. Aprendeu piano ainda criança, quando estudava em uma escola católica. Aos 15, ouvindo Beatles, começou a se interessar pelo violão, desenrolou e já começou a compor suas próprias músicas. A partir daí já seria difícil imaginar que aquele cabeludo seria um cara convencional que cuidaria do restaurante dos pais, Stephen se ligaria somente à arte. Aos 18, já cantando em pubs, suas primeiras canções caíram na graça das gravadoras, e ele foi pulando de uma em uma até chegar a década de 70, alcançando a crista da onda com 'Father and Son'.

Father and Son é um capítulo a parte, essa com certeza é uma das coisas mais bonitas que eu já ouvi. Trata de um diálogo entre pai e filho, onde o o pai tenta transplantar na cabeça do moleque a idéia de que ele precisa conter sua impetuosidade para envelhecer melhor, afinal, não há nada de ruim em ser velho, 'I´m old, but i happy.' Partindo de mim, ansioso e prolixo por natureza, é claro que começaria a me ajudar e fazer um puta sentido com o passar dos anos. Valeu Cat, por tudo.

É por essas e outras, que eu trago esse 'Best Of.' A fase áurea de Cat Stevens, entoando Father and Son e fazendo soundtracks mundo à fora, é assim que eu, seu pai e seu avô nos lembramos dele.

01 - Where Do The Children Play?
02 - Wild World
03 - Tuesday´s Dead
04 - Lady D´Arbanville
05 - The First Cut is The Deepest
06 - Oh, Very Young
07 - Rubylove
08 - Morning Has Broken
09 - Moonshadow
10 - Matthew and Son
11 - Father and Son
12 - Can´t Keep It In
13 - Hard Headed Woman
14 - Old Schoolyard
15 - I Love My Dog
16 - Another Saturday Night
17 - Sad Lisa
18 - Peace Train

Link: http://www.*4shared*.com/file/BNfGQeqj/Cat_Stevens_-The_Very_Best_of.htm

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Frejat - Amor pra Recomeçar [2002]

Imagine você como guitarrista de uma banda de rock brasileiro dos anos 80. Sua banda vai bem, é um dos símbolos do novo movimento e você até que toca direitinho. Pois bem, continue imaginando, o seu melhor amigo é o vocalista da bandinha, ele é uma bichona descontrolada, irritante e mimada, mas, extremamente talentoso. Com essa característica, pode te dar belos shows, ou belas merdas em cima de um palco e muita, muita dor de cabeça.

Com o empresário certo, vocês chegam ao topo da música nacional, a banda é rodeada de fãs e começa a fazer a cabeça de uma geração. A crista da onda é uma apresentação no Rock in Rio, o primeiro, que é aclamada pela crítica e pelo público. Tudo parecia ir de vento em polpa para você se tornar uma estrela do rock, mas.. mas.. acontece que o seu melhor amigo, a biba descontrolada, irritante e mimada, mas, extremamente talentoso, aparece na véspera da gravação do novo cd e avisa: 'estou fora.'

É óbvio que você ficaria puto, deixaria de falar com eles por longos anos e teria que tomar uma decisão que mudaria toda sua vida e sua carreira: continuar e assumir a banda ou parar por aí, e voltar pra casa da mamãe.

Essa é um resumo de parte da carreira de Roberto Frejat, um dos músicos da geração anos 80 que eu mais respeito. Frejat assumiu o Barão no fim dos anos 80 e tocou o barco pra frente. Do mesmo modo que Cazuza a partir do disco 'Exagerado' virou Cazuza, o Barão continuou a ser Barão e os dois passaram a conviver paralelamente. Não havia Barão com ou sem Cazuza, havia o Barão e havia Cazuza. E assim ele seguiu com uma liderança carismática e centrada, agora não teria que evitar que o vocalista se matasse, teria que se concentrar no som. Após a consolidação do Barão, em 2001, Frejat parte para um projeto solo. Esse é um momento delicado na carreira de qualquer músico, pode ser honroso e satisfativo como pode ser uma puta cagada. Mas, ele se deu bem.

Frejat formou uma carreira solo das mais bem consolidadas no rock nacional, tanto que podemos perceber o músico Frejat e o Barão Vermelho, como duas coisas distintas e interligadas. Ano passado fui num show e queria ver tanto algumas canções do Barão quanto canções de Frejat. A despersonalização de um músico com sua banda parece ser a chave do negócio, quando os dois monstros começam a conviver de forma digna, o criador pode ser evidentemente percebido. Esse é o disco de estréia da carreira solo de Frejat, o 'Amor pra Recomeçar' de 2002. Com hits como 'Homem não Chora', 'Segredos', 'Amor pra Recomeçar' e 'Quando o Amor era Medo', é um dos discos solistas que eu mais gosto.

Posteriormente falarei qual dessa linha é o pior.
  1. Som E Fúria
  2. Quando O Amor Era Medo
  3. Amor pra Recomeçar
  4. Segredos
  5. Eu Não Sei Dizer Te Amo
  6. Homem Não Chora
  7. Mão-De-Obra Ilegal
  8. Ela
  9. Mais Que Perfeito
  10. Você Se Parece Como Todo Mundo
  11. No Escuro E Vendo
  12. Voltar Pra Te Buscar Sol de Domingo
Link: http://www.*4shared.com*/file/q5CKHZl4/Frejat_-_Amor_pra_recomear.htm

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Validuaté - Alegria Girar [2009]

Esses caras são um bom presente de uma boa amiga do Piauí. Já que me presentou, vamo passar adiante. Somos acostumados (em 'somos', entenda caras idiotas como eu, que acha que tudo que é bom no Nordeste se faz em Pernambuco) a pensar que Recife é a capital do substrato qualitativo da música que faz no NE. Ainda bem que 'estamos' errados.

Em Natal já aparece a turma do Seu Zé (que já apareceu por aqui) e em Teresina, conhecida por ser estágio para o inferno, devido a sua temperatura ambiente moderada, aparece a turma do Validuaté. 'Válido até..' como queiram, é um bando de cara arretado, feios que dóem, mas que fazem um rock´n´roll com baladas bem construídas e letras metricamente inseridas, não é qualquer coisa, existe um pensamento por trás, como fica claro nessa definição própria da banda:

''Validuaté: é que o mar só fala de boca cheia. como um bando de gente livre pelo coração arrebatado: atitudes líricas, bregas e complexo de épico. uma música com filosofia de pára-choque de caminhão. um lugar de um tempo-espaço instigante do fantástico: validuaté: desformação de seis caras do terceiro mundo nordestino - Piauí: cidades de União e Teresina: pensando nos movimentos vários das culturas do resto do mundo''

É isso aí mesmo, o caldeirão de sentimentos que eu gosto em toda composição, amor, traição, paixão, drama, romance, gracinhas, frases de pára-choque de caminhão e refrões grudentos, tudo isso levado a cabo por alguns nordestinos, instituindo a leveza do baião com atitude rock´n´roll. Esse, se não estou enganado, é o segundo disco da banda, 'Alegria Girar'. Formada em 2004, sediada em Teresina, mas logo passando a ser radicada em São Paulo, é composta por: Zé Quaresma, Thiago, Jr Caixão, Vazin, Wágner e John Well.

Uma boa pedida pra desconfigurar meu bairrismo e felizmente ampliar meus horizontes, com vocês, a queiridinha do Piauí.

1- Pedaços de Poemas Portugueses
2- O Hermeto e o Gullar
3- Eu Só Quero Acabar com Você
4- Plaina Maravilha
5- A Onda
6- Didascália
7- Não Quero Te Agredir
8- A Lenda do Peixe Francês
9- Eu Preciso é de Você
10- Birras
11- Cortesia
12- Bruta como Antigamente
13- Alegria Girar

Link: http://www.*4shared.com*/file/eUTg_Nk-/Validuate_Alegria_Girar_2009.htm

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Discos da Minha Vida: Ultraje à Rigor - 18 Anos Sem Tirar [1999]

Ahh, o humor negro. O que seria de mim sem ele, han? O humor para mim é extremamente necessário, não viveria sem ele. Afinal, a vida é absurda, nada nessa porra faz sentido, e não levá-la a sério é essencial para a nossa sobrevivência. Um dos causadores da criação desse monstro engraçadinho que sou eu, sem dúvida, é Roger Rocha Moreira. Líder do Últraje a Rigor. O gênio. Gênio mesmo, Roger tem um QI espetacular de 172, além de ser formado em inglês pela Universidade de Michigan. Com esse currículo poderia ser presidente, ou pelo menos ser o deputado mais votado do Brasil. Mas, ainda bem que ele não seguiu esse caminho.

As faixas ao vivo foram gravadas em 1996, mas o disco é de 1999, e conta com todas as maiores obras dessa puta banda. Gosto de todas as faixas, me rende até hoje frases feitas e cômicas sobre vários assuntos do cotidiano e do Brasil. Como são 21 faixas, vou apenas naquelas que mais me identifico e gosto.

Em 'Nada a Declarar', a primeira do show, Roger escancara sobre a falta de senso nas composições de letras populares, onde na falta de algo melhor, se coloca um 'cu' no meio. Melhor um cu no meio, que no meio do cu.. é.. não podia escapar sem essa.

Em seguida apresenta 'Monstro de Duas Cabeças', uma canção que traz um tema que todo homem que se preze conhece, a vívida guerra entre a cabeça de cima, e a de baixo..

Na sequência, 'Giselda': '- olha o salgadão que eu trouxe, pra combinar com esse seu doce'. A doce, às vezes nem tanto, epopéia do homem na relação com as mulheres, no dever dele dizer sim, e ela sempre dizer não.

Em 'Filha da Puta', hit dos anos 80, Roger põe pra fora o sentimento do brasileiro com relação a política, da forma mais clichê e sincera possível. 'A terra até que é boa, o que fode é essa gente'. Esse sempre foi um trunfo da banda, a proximidade com o público falando o que você e eu quer falar, e que fala o tempo todo.

'Eu me Amo' é quase Freudiana, a incansável luta do ser humano em procurar-se no outro, enquanto por muitas vezes a resposta já é conhecida há tempos, bastava procurar em si mesmo.

'Mim quer Tocar' é uma crítica ao reggae, da mesma forma que Zeca Baleiro exerce em 'Babylon'. O ritmo aparentemente não industrial e fruto de uma cultura própria e de um ritual religioso é utilizado cada vez mais como formato enlatado na busca pelo lucro advindo da música. 'Mim que tocar, mim gosta a ganhar dinheiro, me want to play, me love to get the money'.

A minha preferida, sem dúvida, é 'Eu Gosto é de Mulher', da forma mais machista possível. Tem que se gostar mesmo, afinal, não há nada melhor. É por ela que nós passamos as situações mais estranhas e no sense possíveis.

Para fechar, a trilogia 'Inútil' (o rfff clássico de Edgard Scandurra), a canção que ecoou no Brasil pós-ditadura, demonstrando o quanto ainda existia uma falácia (e ainda existe) entre o propagado na mídia como um Estado em pleno desenvolvimento e as mazelas existentes. 'Rebelde Sem Causa', a busca incansável do jovem pelo caminho da rebeldia e aversão a família, mesmo não tendo nenhum motivo para tanto e 'Nós Vamos Invadir Sua Praia', um chute no saco da elite carioca que recusava a ver invasão cultural de outros estados, sobretudo dos paulistas.

Enfim, piada sobre tudo, mas como toda a piada, carregando todo o peso do debate, da sinceridade, e da necessidade sobre a reflexão de várias temáticas. De toda forma, moldou todo um caminho a ser trilhado por mim nesses 21 aninhos de palavras idiotas.
  1. Nada a declarar
  2. O monstro de duas cabeças
  3. Preguiça
  4. Giselda
  5. My Bonnie (ao vivo)
  6. Filha da puta (ao vivo)
  7. Zoraide (ao vivo)
  8. Independente Futebol Clube (ao vivo)
  9. Ciúme (ao vivo)
  10. Volta Comigo (ao vivo)
  11. Eu me amo (ao vivo)
  12. Mim quer tocar (ao vivo)
  13. Sexo!! (ao vivo)
  14. Pelado (ao vivo)
  15. Eu gosto de mulher (ao vivo)
  16. Inútil (ao vivo)
  17. O Chiclete (ao vivo)
  18. Marylou (ao vivo)
  19. Nós vamos invadir sua praia (ao vivo)
  20. Rebelde sem causa (ao vivo)
  21. Terceiro (ao vivo)
Link: http://www.*4shared*.com/file/3GtIKoUN/Ultraje_a_Rigor_1999_18_Anos_S.htm

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Cartola - 1974 [1974]

Hoje não tô muito para textos longos, então serei o menos enfadonho possível. Eu, com certeza, devo ter alma de sambista. Tenho uma personalidade clichê mesmo, gosto de músicas que falem de amor, de Deus, de café-da-manhã e de cachaça. Porque pra mim a música é uma extensão da vida e muitas vezes é por ela imitada. Pra quê falar de carrões, de hotéis 5 estrelas, de fins de semana em Ibiza, de discussões intelectuais sobre scargot e Freud, se o pão com manteiga e café é o que mantém vivo todo dia? É por isso que vos introduzo Angenor de Oliveira, o Cartola.

Cartola tem a típica biografia que admiro, de alguém extremamente talentoso, que nunca conseguiu estar no cumo da cadeia econômica, nascendo pobre e morrendo pobre. Se existe alguém underground, esse é Cartola. Nenhum roqueiro alternativo de porta de garagem sabe o que é submundo, só quem soube de verdade, foi um sambista.

Esse é o primeiro disco do Seu Angenor, lançado em 1974, no auge de seus 66 aninhos, Cartola entoa em sua própria voz suas maiores composições, que há décadas já se faziam presentes entre as rodas de samba e os vozeirões do rádio brasileiro. Carioca do Rio, mudou-se cedo para um embrião de favela que se chamaria Mangueira. Lá, passou a ser pedreiro com 15 anos, usando um chapéu para se proteger da sujeira, ganhando o apelido que lhe acompanharia até à sua morte. Conheceu toda a roda de samba e malandragem, ajudou a fundar a Estação Primeira e começou a compôs clássicos do samba, como 'O Sol Nascerá' e 'As Rosas não Falam'.

Antes mesmo da Bossa, já se faziam letras extremamente meticulosas nos morros cariocas, seu Jobim fez apenas dar-lhes contornos de jazz americano. A música brasileira em sua essência já existia. Nada contra o pagode, mas o samba de verdade, é genuinamente brasileiro, só quem é brasileiro pode compô-lo e curtí-lo. Como eu e você, é filho da miscigenação, e se é branco na poesia, ele é negro demais no coração. O samba é Cartola, e Cartola é o samba.

Lado A
  1. Disfarça E Chora
  2. Sim
  3. Corra E Olhe O Céu
  4. Acontece
  5. Tive Sim
  6. O Sol Nascerá
Lado B
  1. Alvorada
  2. Festa Da Vinda
  3. Quem Me Vê Sorrindo
  4. Amor Proibido
  5. Ordenes E Farei
  6. Alegria
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