quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Lenine - O Dia em que Faremos Contato [1997]

O galego. Osvaldo Lenine nasceu em Recife, em 2 de fevereiro de 1959. O pai, um comunista. A mãe, católica fervorosa. Quando criança, lia Marx do mesmo jeito que ia à missa. Em casa, a paixão dos velhos pela música fez com que Lenine conhecesse desde logo gente como Jackson do Pandeiro e Elizete Cardoso.

Conhecer, sem conhecer de verdade, sabe? Na música, quando somos abençoados, ouvimos coisas legais o tempo inteiro, mas, só conhecemos anos e anos depois. É a graça, é o que faz nascer esse amor. E esse amor veio logo cedo, era costume na casa dos Lenine que cada um da família tocasse um instrumento.

Nos finais de semana, a rodinha se formava, o violão passava de mão em mão, cada um tocando as músicas que faziam parte do seu repertório predileto, uma comunhão. Uma época sem BBB, sem Fantástico, onde as famílias se reuniam para fazer coisas legais.

Foi assim que o gosto pelo instrumento e pela música foi aflorando, adolescente, após conhecer Zeppellin, Lenine apesar de não admitir, já sabia: queria ser músico. E nessa caminhada, 29 anos depois do primeiro disco, Baque Solto, fez com que esse galego se tornasse a representação do que mais legal aconteceu com a música pernambucana nas duas últimas duas décadas.

Poesia, verso, o rock aliado ao maracatu, ao frevo, o pop, o tropicalismo, uma salada de primeira que nos deu e nos continua dando tantos artistas multifacetados.

Reconheço que nos anos 70 não era fácil estabelecer uma conexão a partir de Pernambuco quando se tratava de música, faltava referencial. Se tinha Gonzaga, mas, Luís era muito distante, quase 20 anos antes, e o baião não era, por excelência, uma forma de se conectar ao que se estava fazendo de novo na época, não ainda. Por isso, Lenine procurou no movimento mineiro, o Clube da Esquina de Milton Nascimento, o ponto de apoio pra os seus devaneios.

Assim, ele mesmo define:

Aí comecei a compor. E, de tudo que eu não gostava na época do rock’n’roll, no Brasil me chamou aten­ção o Clube da Esquina. E aí contemporaneamente eu consegui acompanhar, como fã, aquele núcleo de pessoas em volta de Milton Nascimento. Fazendo uma música divina, que eu achava que era impossí­vel fazer, que a gente não tinha tecnologia pra isso.

Com uma bagagem cultural invejável, faltava o passo certo rumo as gravações. Diferentemente dos roqueiros dos anos 80, Lenine amadureceu muito seu trabalho antes de expor por aí. Essa consistência e maturidade o elevou a um patamar alcançados por poucos na música brasileira. Daqueles que você olha de longe, com olhar de comtemplação. Por isso, após Baque Solto, lançado em 1983, o segundo disco, O Dia em que Faremos Contato, só foi lançado em 1997 (14 anos depois!).

A compreensão de si mesmo, do seu som, do mercado e do País, revolucionaram sua música. Estava estabelecida a ponte que ligaria a música contemporânea a Pernambuco. Implicitamente, o tradicionalismo da região com a modernidade pop, uma ligação ainda não feita antes, nem mesmo por Science.

01 - A Ponte
02- Embolada
03- Hoje Eu Quero Sair Só
04- Candeeiro Encantado
05- Etnia Caduca
06- Distante Demais
07- O Dia Em que Faremos Contato
08- A Balada do Cachorro Louco
09- Aboio Avoado
10- Dois Olhos Negros
11- O Marco Marciano
12- Que Baque é Esse?
13- Bundalelê

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http://*www.4shared.com*/zip/-W0W8xYU/Lenine_-_O_Dia_Em_Que_Faremos_.html