terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Oasis - The Masterplan (1998)

Noel Gallagher foi o maior compositor da década de 90. Por quê? Por suas obras. Em 1998, o Oasis lançou uma coletânea, escolhida no site da banda (é, em 1998!) logo após o furor de Be Here Now, denominada: The Masterplan.

A capa, um reflexo da proposta do disco. Inúmeros intelectuais e críticos dispostos em uma sala de aula debatiam-se por inúmeros assuntos alheios à música. Não se procurava atenção, queria-se um registro. E foi isso que se conseguiu.

No mercado, principalmente internacional, é comum o lançamento de singles. Singles são músicas de trabalho de qualquer banda, são as canções escolhidas para tocar na rádio e que ganhar clipes no Youtube e na MTV, junto a elas, aparecem fragmentos de composições ou gravações que ficaram de fora do lançamento à época ou foram simplesmente esquecidas pelo tempo. As chamadas B-sides.

Sempre tive em mente, por mais idiota que seja a idéia, que se mede a influência e a capacidade de um compositor pela qualidade de suas B-sides.

A variedade e completude de uma obra, em torno de um único músico, passa pela oportunidade que cada canção produzida tem de alcançar seu espaço, seja em uma fita empoeirada pelo tempo ou pela voz de um outro intérprete. Noel Gallagher, é um desses biscoitos finos que consegue inserir suas composições além do que previam suas simples propostas, apenas pela profunidade das canções.

Em The Masterplan, o Oasis reuniu músicas que ficaram de fora de seus três primeiros discos. Entre elas, a lista continha 'Acquiesce', um retrato implícito dos irmãos de Manchester, composta dentro de um trem a caminho do país de Gales. 'Talk Tonight', minha preferida, dedicada a uma gentil garçonete de São Francisco, lugar que também deu origem a 'Half The World Away': singelas expressões ao violão-solo.

'Fade Away' perdeu a briga com 'Slide Away' e ficou ausente de Definitely Maybe, embora retrate toda a atmosfera do disco de estréia. A canção-título, 'The Masterplan', é definida pelo gênio da guitarra, como a mais lirista de toda a carreira da banda, uma jornada pela vida, despreocupada e confiante.

Além de comprovar a capacidade de um compositor aos seus 28 anos de idade, o disco vendeu dois milhões de cópias em todo o mundo, sendo a minha uma delas, guardada com muito carinho, como símbolo de uma época que não voltará mais.

01- Acquiesce
02- Underneath the Sky
03- Talk Tonigh
04- Going Nowhere
05- Fade Away
06- The Swamp Song
07- I Am The Walrus (Live)
08- Listen Up
09- Rock´in Chair
10- Half The World Away
11- (It´s Good) To Be Free
12- Stay Young
13- Headshrinker
14- The Masterplan


Link: http://*www.4shared.com*/rar/BMnhs3ZU/1998_-_The_Masterplan.htm

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Chico Buarque - Vida [1980]

É por discos como esse, que Chico Buarque é o maior compositor desse Brasil. De toda a sua gigantesca discografia, escolho como meu preferido. Existem motivos óbvios para isso. Lançando em 1980, Vida vivia um período inédito na vida do vovô, o de liberdade das amarras da censura.

Isso, para um compositor já maduro, chegando na base de seus 40 anos de idade, é um prato cheio para a fertilidade musical. E nisso, Francisco explora muito bem. Rejeito a caracterização fútil e superficial de Chico como um compositor político ligado ao movimento repressor do governo militar. É como dizer que FHC é liberal porque foi tucano e Lula é comunista por ser petista, uma análise típicamente brasileira, envolta à preguiça e a falta de inteligência ao abordar um assunto.

Essa caracterização se torna frágil ao analisarmos os próprios anos 70, para adentrar no discurso, é só ter um pouco de pura empatia e se vestir nos trajes de um escritor ou compositor da época. Fácil afirmar que você não poderia escrever tudo que tivesse na cabeça. Ser preso, torturado, exilado ou até, eram hipóteses recorrentes. Então, nada mais justo que passasse a falar de sentimentos, emoções, personalidades e sobre o país em código, um braile pautado em inúmeros acordes de samba e delicadeza com a língua portuguesa. Você ao fazê-lo não se faria político, nem ao menos, comunista.

Pois bem, a partir de 1980, com o começo da transição para a democracia, Chico estava finalmente solto para compor sem as amarras de mais de uma década. Assim, Vida se tornou um fenômeno pela intimidade e existencialismo em que trata diversos temas do cotidiano, como sempre a obra de Chico fez. Dessa vez, a metáfora é deixada de lado pela sinceridade, pelo toque e carícia com as palavras, uma reinvenção de um compositor calado pelo punho estatal.

Com a ajuda de gente como Francis Hime, Tom Jobim e Roberto Menescal, o disco aparece pautado por arranjos luxuosos e simétricos. A primeira faixa, auto-título, é trazida por um homem que dá um sopro de liberdade, se revigorando com a surpresa que o tempo lhe trouxe: 'Eu sei que fui feliz, luz, quero luz, sei que além das cortinas são palcos azuis.'Para aliar, trazia consigo obras que foram pautadas em espetáculos teatrais e cinematográficos da época, como 'Eu te amo' e 'Bye-Bye Brasil.'As canções por encomenda, como denomina, frequentes a partir do final dos anos 80.

Despedida, solidão, amor, desamor, temas recorrentes na obra desse monstro aparecendo de forma intimista e personalizada, como o sofrimento de uma atriz, de uma dona de casa, de um padeiro, de um sambista, de gente simples, como eu e você. Vida não é mais um disco padecendo em um universo mercadológico, é um retrato das nossas vidas. Como sua obra também o é.

1. Vida
2. Mar E Lua
3. Deixa A Menina
4. Já Passou
5. Bastidores
6. Qualquer Canção
7. Fantasia
8. Eu Te Amo
9. De Todas As Maneiras
10. Morena De Angola
11. Bye Bye , Brasil
12. Não Sonho Mais

Link:http://www.jobim.org/chico/handle/2010.2/1398


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Paralamas do Sucesso - Longo Caminho [2002]

O ser humano tem uma capacidade incrível de superar as dores e as tragédias. Um íntimo tão pessoal e poderoso que alguns expõem a passar por determinada situações, cuja fonte pra mim parece impossível de ser encontrada. Fé, Deus, Força, Espírito, ou qualquer outro tipo de entidade que ilumine esses seres, elevam uma simples forma humana a um super-homem de fazer inveja a Zaratustra. Afinal, cada vez mais estamos rejeitando esses momentos, parece que a dor, não é mais um suplício humano. Já alcançamos o status de deuses.

Dentre aqueles que mais admiro no mundo da música, o sujeito que vi realizar uma dessas revoluções de si mesmo foi alguém chamado Hebert Vianna. Em 4 de fevereiro de 2001, Hebert perde o controle de seu ultraleve em Mangaritiba - RJ e cai no mar. Ao seu lado no avião, está sua esposa Lucy Needham. Eu tinha 12 anos de idade, mas, já era um fã convicto dos Paralamas do Sucesso.

A notícia do acidente de Hebert durante a tarde de domingo, me causou mais perplexidade que o próprio acidente de Ayrton Senna, visto in loco, em 1994. Minha relação com ídolos, de sempre íntima, faz as perdas abruptas serem muito sentidas.

De um acidente praticamente mortal, Hebert ficou paraplégico, perdeu sua amada e mãe de 2 filhos. Lucy não resistiu. Talvez Hebert não resistisse também. Que alegria que ele não seguiu a regra lógica.

Após 44 dias em coma, Hebert acorda com perda parcial de memória. O quadro clínico é surpreendente, e com poucos dias, ele já tenta manusear uma guitarra com imensa dificuldade. A força do talento e da perseverança como eu nunca vi. Um ano de apoio dos fãs e dos amigos, fazem que Longo Caminho, até então preso em uma gaveta, esperando a volta de seu criador, apareça.

Longo Caminho foi gravado antes do acidente, mas, teve seu lançamento indeterminado pela tragédia. O disco, melódico e profundo, era o primeiro gravado desde um interlúdio de 3 anos. A formação, continuaria a mesma, Hebert, Bi, Barone. Nunca precisaram de mais ninguém.

A única diferença, é que Hebert não seria o mesmo, transformado fisicamente e psicologicamente pela tragédia, ele tentava aos poucos viver novamente. Assim como seu título, um Longo Caminho estava por vim.

Canções sentimentais como 'Amor em Vão' e 'Cuide do Bem do Seu Amor' demonstram a necessidade do presente e de suas relações no cotidiano, cultivá-las, faz, muita diferença. 'Seguindo Estrelas' virou um hit apaixonado, dedicado a esposa Lucy, em toda a turnê. Enquanto 'O Calibre' foge do limiar do disco, trazendo o Alagados dos anos 2000.

Assim, pouco mudou no país, muito mudou em Hebert, muito aprendi... ou será que não?

01- Amor em Vão
02- La Estación
03- O Calibre
04- Seguindo Estrelas
05- Longo Caminho
06- Soldado da Paz
07- Cuide Bem do Seu Amor
08- Flores no Deserto
09- Running On The Spot
10- Flores e Espinhos
11- Hinchley Pond

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Arctic Monkeys - Suck It and See! [2011]

Os macacos árticos hoje em dia são minha rocker band favorita. Por isso, faço menção honrosa por aqui do seu quarto disco, lançado em 06 de junho deste ano, no Reino Unido.

Suck It See demonstra uma mistura entre uma revitalização do começo da carreira da banda com as nuâncias de Humbug, seu terceiro disco. É visível que os garotos de Sheffield não são mais menininhos dando ares a sua potência criativa de forma um tanto quanto leve e irresponsavél. O pesar do anos e do status que a banda alcançou em tanto tempo faz seu reflexo durante o álbum. Como qualquer ser vivo em evolução, uma banda também passa por um progresso em determinado sentido, consequência inata dos próprios seres que a formam.

Após My Favorite Worst Nightmare, o grande disco do Monkeys até então, Alex Turner resolveu experimentar outros ares para compor. E nisso, Humbug é explícito, as variações de estilo são parte da tentativa em explorar novos sentidos, com letras profundas e extremamente truncadas para alguém com um inglês britânico tão fraco quanto eu.

O disco deixou como grande vestígios a bela 'Crying Lithning' e a 'storytelling' 'Cornerstone', onde Turner exerce com maestria a figura de compositor, inserindo em um disco tão polivalente uma balada com toda a caracterização Dylan, para mostrar a história de um cara que procurava em todas as mulheres a figura da amada perdida.

Confesso que fiquei feliz pela tomada de rumo desse disco, me senti incomodado com o último, e achava que a banda tinha um pouco se perdido. Para minha felicidade, Suck It See mostra uma nova retomada e maturidade dos macacos, trazendo o pop conciso e feito de forma simples à tona. Com grande aparição, está o baixo de Nick O´Malley, talvez o membro mais contido da turma, exercendo uma força pulsante em todas as faixas. Mas, sem dúvida seu começo foi muito bem premeditado, com a belíssima 'She´s Thunderstorm'.

A voz cada vez mais soturna de Turner aliada aos riffs participativos de Jamie Cook, que de às vezes tão inusitados, parecem intrometidos, mas, nada que tire a bela sequência do disco. É assim que ele lança, a segunda grande música do disco, 'The Hellcat Spangled Sha la la', que apesar do refrão 'Sha la la', com toda a pinta dos 'Iê-iê-iê' dos anos 60, tem uma sonoridade de provocar qualquer rebolado a partir de seu segundo refrão.

Um disco com um ótimo nível, e que anuncia a racionalização de uma banda com tanto potencial, que parece ter qualidade em permear qualquer segmento musical. Go, Arctic!

01- She´s Thunderstorm
02- Black Treackle
03- Brick By Brick
04- The Hellcat Spangled Sha la la
05- Don´t Sit Down 'Cause I´ve Moved Your Chair'
06- Library Pictures
07- All My Own Stunts
08- Reckless Serenade
09- Piledriver Waltz
10- Love is A Laserquest
11- That´s Where You´re Wrong
12- Suck It and See!

Link: http://www.4shared.com/file/yi2SuYzA/Arctic_Monkeys_-_Suck_It_And_S.htm


sábado, 8 de outubro de 2011

Tibério Azul - Bandarra [2011]

Quase não apareci em Agosto e passei todo o mês de Setembro sem aparecer por aqui. Uma pena. Feliz aqueles que vivem da arte, seja serviço dela ou a partir dela. Eu, mero espectador, não tenho tanta sorte. Tenho inúmeras atividades além de pegar a arte pela mão, e sair para uma volta e meia de conversa.

Mas, comemorando, já chego com a estréia de duas novidades:
1- Quem quiser aderir ao incrível Facebook, curte lá: http://www.facebook.com/pages/Pensador-Praticante/285060574844959

2- O lançamento de Bandarra.

Bandarra? WTF? o que seria? Bandarra é o lançamento solo de Tibério Fonseca, o popular Tibério Azul, da extinta Mula Manca e a Fabulosa Figura e do vivinho da silva, Seu Chico. Segundo o Priberam, é um substantivo masculino, sinônimo de profeta e adivinho.

Tenho apreço pelas bandas especialmente em seu surgimento, quando nascem, comem muita poeira, crescem e ganham milhares de fãs. Tá, quando se tem milhares de fãs, eu já começo a achar que a graça se perdeu. Por isso, vivi o nascimento da Mula Manca e a Fabulosa Figura, do Seu Chico e com muita expectativa esperava por um álbum como Bandarra.

Tibério sempre foi um jovem propenso a criações poéticas, e isso, quando adere a música, cria uma mistura tão leve e deliciosa como um bom bolo de fubá da vovó. Isso, que é trazido por meio de seu primeiro disco. Por mais que adore música, sinto uma necessidade que ela caia de joelhos perante as palavras, que a fonética, mais do que nunca, permeie a harmonia de uma canção. Não existem músicas para uma letra, a letra determina a existência de um conglomerado de sons, porque, a escrita, quando é aliada a música, impõe sua soberania.

Francisco Buarque de Holanda, o maior compositor desse país, considera a grande arte de um compositor deixar de lado suas experiências pessoais e emocionais sobre uma determinada temática para viver o deleite da inocência ao compor. O amor sem percalços, os ideais sem obstáculos, a vida de uma forma como não é vivida, essa abstração que dá o leve gosto que transforma o próprio ouvinte em um sonhador naquelas poucas linhas que chegam aos seus ouvidos.

E é assim, que Bandarra aparece, um disco leve e propenso a frases apaixonadas que retratam de forma simples o sabor de viver, de amar e de viver com quem se gosta. O nascimento do artista, como o próprio Tibério transparece no clipe de 'Veja só', a necessidade da aceitação que um copo vazio, mesmo um copo vazio, é cheio de ar, por isso, merece profundidade necessária para sua contemplação.

Assim, é também com um disco, não se necessita burlar conceitos mercadológicos nem empresariais, a idéia da canção não é falar por cifras, é falar por sentimentos, e esse disco de estréia, cumpre bem seu papel.

Bem-vindo a carreira individual, Tibério Azul, que outros Bandarras venham, de uma forma tão grata para os ouvidos, quanto este.

01- Vamos Ficar Sol
02- Veja Só
03- De Onde Eu Sou
04- Trabalho
05- Alquimista Tupi
06- Abóbora (vinheta)
07- Lá Em Casa
08- Quando Maria fundou o Carnaval
09- Mais Sabe o Sol
10- Bandarra

Link (crédito a Musicoteca): http:*//www.amusicoteca.com.br/*?file_id=1197

domingo, 21 de agosto de 2011

Kasabian - Kasabian [2004]

Ops, peguei vocês, han? A distância infidável entre a última postagem e essa era com o único intuito de demonstrar que essa coisa sem noção aqui não acabaria. Vocês estão todos ferrados, isso é que nem Malhação, sempre vai existir com as mesmas histórias, só alterando o elenco. Nunca gostei de música eletrônica, posso aqui externar meu repúdio? Claro que posso.

A Constituição garante criticarmos algo abertamente, de forma coerente. Mesmo que isso seja considerado politicamente incorreto por qualquer veículo de mídia. Pois é. Eu nunca gostei de música eletrônica. Pra mim, é totalmente fútil e dispensável, talvez, nem se encaixe no conceito de definição musical.

Aprendi com 8 anos de idade, que música se tratava da junção de 3 elementos: ritmo, harmonia e melodia. Se falta algum esses elementos não é música, é coisa de criança batucando por aí. Por isso, fica difícil pra mim aceitar o eletrônico, fico sempre achando que tô jogando Top Gear (é, o clássico, original).

Pois bem, mesmo com esse meu pré-conceito, é inevitável que o rock se alie ao eletrônico, a tal sonoridade moderna. Foi dessa união, tão batida na última década, que surgiu o Kasabian. Kasabian é uma banda de rock britânico da mais pura qualidade, um biscoito fino. Gosto dela só pelo nome (Casêiban), uma escolha de muita sobriedade, um dos melhores nome fantasias que já ouvi se tratando de rock´n´roll.

O nome vem de Linda Kasabian, membro da Família Manson, aquele grupo de fanáticos religiosos (bota fanáticos nisso) criado por Charles Manson, que foi testemunha nos crimes cometidos pelo grupo. Tom Meighan, Sergio Pizzorno, Jay Mehler, Chris Edwards e Ian Matthews se conheceram na escola, em Leicestershire, um condado inglês, cuja cidade mais importante é Leicester.

O início, foi clichê, meninos com instrumentos na mão tentando homenagear seus ídolos com uma banda de nome idiota, Saracus. Em 1999, o primeiro EP, mas, apenas 5 anos depois, conseguiriam o primeiro disco, esse aqui, com auto-título. Kasabian foi lançado em 2004, e me encheu os olhos por trazer uma linha de baixo permeante em todas as faixas, de forma contínua e bem construída, são quase um Stone Roses dos anos 2000, com um puro requinte.

A voz de Tom Meighan é impregnante, lembrando um pouco Richard Ashcroft, com pura influência do britpop dos anos 90. Já eles, os elementos eletrônicos, estão por todo o disco, os efeitos e samplers se fazem presente em todas as faixas, mas, não são componentes essenciais, são adereços que componhem o disco.

Como eu, acho inocentemente, que deve ser, o eletrônico auxiliando a música, não querendo ter pernas próprias.

01- Club Foot
02- Processed Beats
03- Reason Is Treason
04- ID
05- Orange
06- LSF (Lost Souls Forever)
07- Running Battle
08- Test Transmission
09- Pinch Roller
10- Cutt Off
11- Butcher Blues
12- Ovary Stripe
13- U-Boat

link: http://hotfile.com/dl/113796604/413894b/2004Ksbn-Ksbn.rar.html


domingo, 14 de agosto de 2011

China - Simulacro [2007]

Simulacro: imagem, cópia ou reprodução imperfeita. Imperfeito, essa seria uma boa caracterização dos discos pernambucanos antes e até durante o movimento manguebeat em meados da década de 90.

Com o tempo, a imagem pernambucana, aliada a caboclo-de-lança e maracatu, prejudicou bastante qualquer conceito que fosse além dessa mero estereótipo. Praticamente, ando dizendo que o que não soasse como Nação Zumbi, era afastado dos nossos próprios ouvidos, principalmente diante de alguma cena de Recife. Essa auto-censura e medo do novo e das derivações são limitadores comuns em uma cultura tão enraizada, mas, que sempre é nociva quando se interpretada radicalmente.

Só com os anos 2000, que o rock pernambucano começou a aceitar a idéia que não deveria beber de sua própria fonte, e ir, calmamente, buscar novos ares, miscelando com sua própria música, criando um ambiente mais rico e poderoso. China é um filho dessa nova geração. Vocalista do Sheik Tosado, banda nascida em 1996, com o intuitou de juntar o maracatu e frevo com o hardcore.

Idéia já inovadora, diante do panorama que eu citei acima, mas, na prática, era um monte de garoto que achava que berrar o tempo todo era uma coisa bonita. Às vezes sim, constantemente não. A banda durou até 2001, quando encerrou as atividades, deixando como espólio um único álbum, o Som de Caráter Urbano e de Salão.

Em seguida, para continuar como músico, o Chinaman necessitava de se entregar as suas próprias composições e procurar uma nova rapaziada. Difícil é a vida de um músico que não tenha uma formação com algum instrumento, daquele compositor que não tem enraizada a criação da música e sim, uma base linguística. Gente como Arnaldo Antunes e o próprio China, superam suas próprias debilidades porque são muito bons, e fazem amigos pra caramba. Conseguem de sua própria falta, achar os subterfúgio para nascer seus próprios projetos.

É nessa esteira, que China lança o primeiro EP sozinho, Um Só, em 2007, e parte para a gravação de seu próprio disco com uma turma da pesada: Chiquinho, os irmãos Machado e Felipe S. (Mombojó), Rafael B. (Bomsucesso) e Pupillo (Nação Zumbi). Com uma galera dessa de apoio, difícilmente apareceria um disco débil.

Simulacro se torna não um disco de autoria do próprio China, mas, uma reunião do que melhor foi produzido pelo espólio da Nação Zumbi, com uma nova vertente diferente e voluntariamente conduzida a mostrar uma nova faceta do rock pernambucano.

Aqui, há espaço para um cuidado maior, um olhar mais dedicado para produção de disco que era pouco explorada por essas terras. A influência de Roberto Carlos, de Chico Buarque e de gente do interior, como Otto, transforma o antes berrante China, em um letrista e cantor de voz baixa e suave aliada a guitarras rítmicas e programações eletrônicas.

Esse, é o novo rock pernambucano.

01- Um Dia Lindo de Morrer
02- Jardim de Inverno
03- Sem Paz
04- Asas no Pés
05- Câncer
06- Colocando Sal nas Feridas
07- Durmo Acordo
08- Canção que Não Morre no Ar
09- As Ondas Não Chegam nos Pés
10- Pastiche

Link: http://www.4shared.com/file/AcCVOBh5/China_-_Simulacro.htm


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That´s What I Am Not [2006]

Você aí, cheio de espinhas na cara, ainda com a calça do colégio, depois de acabar de chegar de uma aula super chata de biologia, deve tá louco pra que dê 16h e você possa deixar esses livros de química de lado e ir pra aula de música, né não?

Pegar tua Tagima, polir ela direitinho, colocar na mochila e sair sorridente esperando conseguir completar algum solo do Ironmaiden descentemente. É assim, com pirralhos de 16 anos, que boas bandas nascem. O caminho, todo mundo sabe como é. É preciso muita fé, força, dinheiro, talento (ou nem tanto assim) e boa vontade.

O primeiro passo é arrumar amigos que tenham uma mera noção de algum instrumento, e conseguir um lugar pra que suas versões miseráveis de 'Sweet Child´o Mine' não fazerem sua mãe ser levada a delegacia por pertubação do silêncio alheio. Daí, com alguns showzinhos no colégio e na cidade, algum empresário bem-aventurado (ou nem tanto assim) gostará do material e lhe convidará para algumas sessões, que podem, depois de anos de luta árdua, virar um contrato com alguma gravadora de segunda.

Era pelo menos assim, até uns 10 anos atrás. A primeira banda a quebrar essa sequência tradicional e pé-no-saco foi o Arctic Monkeys. Esses carinhas ingleses ocasionaram um fenômeno. O 'fenômeno dos macacos árticos', até hoje denominado por mim, nasce quando uma banda consegue com muito pouco tempo junto disponibilizar seu material em redes como o myspace, a trama ou o orkut. Pessoas pouco a pouco começam a conhecer, da Inglaterra a Pernambuco, e essa mesma banda consegue com pouco esforço chegar aos ouvidos de alguma gravadora.

Não há captação de talentos, como antigamente, há oferecimento de talento. O que distorce totalmente a indústria musical, como era conhecida. Tornando esses montantes de lojas de cds totalmente inúteis para o grande público em geral. Foi assim que essa turma inglesa surgiu, e muitos apareceram logo após. Formados em Sheffield, Inglaterra, uma cidade com meio milhão de habitantes, belíssimamente encravada no meio de 7 colinas, os macacos árticos ganharam mundo. A história, clichê: em 2001, Alex Turner e Jamie Cook eram vizinhos que gostavam de rock de qualidade, passando a tocarem juntos. Na mesma escola, chamaram Andy Nicholson e Matt Helders, para formarem um quarteto.

No começo, eram apenas covers do Led Zeppellin, mas, quando Alex começou a se sentir confortável liderando a banda, vieram as primeiras composições. Em 2003, a banda começava suas próprias gravações demo, e a distribuir pela internet. Uma idéia genial, que os colocou na mira da BBC e de Mark Bull, um fotógrafo, que ao ouvir 'Fake Tales Of San Francisco', produziu o primeiro clipe da banda.

Em 2005, surgiu o primeiro EP, Five Minutes With Arctic Monkeys, que colocou os dois singles no topo do Reino Unido. No ano seguinte, a assinatura com a Domino, rendeu esse primeiro disco, Whatever People Say I Am, That´s What I Am Not. Alex é extremamente talentoso escrevendo, e a guitarra base de Jamie permeia todos os seus versos, uma combinação que há muito não aparecia com tanta força na música inglesa, se me permitem, tirem as crianças da sala pra ouvir isso. É do caralho.

Logo na segunda faixa, a ultra dançante 'I Bet You Look Good On The Dancefloor', te joga para a balada 'Riot Van', enquanto 'When The Sun Goes Down' mescla a melancolia de uma decepção amorosa, para um refrão de libertação. Com a cereja do bolo, todo o amor de 'A Certain Romance'. Bonito como poesia, é essa estréia ártica. 360.000 mil discos em uma semana, nada mal, han? Um dos melhores discos que já ouvi nesses 22 aninhos de existência. Enquanto tua vizinha aí escuta Aviões do Forró ou Luan Santana, abra bens as janelas, coloque o som no último volume, e aperte play em 'I Bet You Look Good On The Dancefloor.' Posso garantir a paz que passa a residir em você.

01- The View Of Afternoon
02- I Bet That You Look Good On The Dancefloor
03- Fake Tales Of San Francisco
04- Dancing Shoes
05- You Probably Couldn´t See For The Lights But You Were Staring Straight At Me
06- Still Take You Home
07- Riot Van
08- Red Lights Indicates Door Are Secured
09- Mardy Bum
10- Perhaps Vampires Is a Bit Strong But..
11- When The Sun Goes Down
12- From The Ritz Of the Rubble
13- A Certain Romance

Link: http://www.*4shared*.com/file/-eQMkZoY/Arctic_Monkeys_-_Whatever_Peop.htm

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Engenheiros do Hawaii - Tchau Radar! [1999]

Karl Marx disse uma vez em 'O Capital' que tudo que é sólido desmancha no ar. Essa simples frase procurava explicar a sua própria teoria sobre o materialismo histórico.

Marx considerava que toda sociedade é fruto do seu modo de produção, portanto, a mudança deste também traz em consequência a alteração da própria sociedade. Por isso, quando o modelo comunista ruiu em plena União Soviética, arrastou consigo todo um bloco que vivia escondido por detrás de uma cortina vermelha.

De toda forma, somos assim também, o modo como vivemos a vida é bastante influenciado pela forma com a qual nós enxergamos ela. A partir do momento que alteramos nossa visão sobre determinado fato, agimos diferente em relação a ele, e, por consequência, somos levados a ter nosssa vivênciaparcialmente ou totalmente alterada. Foi, nessa mesma situação, que os Engenheiros do Hawaii chegaram a metade dos anos 90.

Augusto Licks, célebre guitarrista da banda, conhecido pela sua pegada clássica, deixaria o barco em 1993. O Trio entoado por cada fã como o melhor do rock brasileiro, composto por Gessinger, Licks e Maltz estaria desfeito. Restava, encontrar outro membro à altura, foi nomeado para o cargo Ricardo Horn, amigo de Humberto com formação em jazz e blues. Também se aliaria ao grupo Fernando Deluque (é, ele mesmo, o amiguinho de Paulo Ricardo) e Paolo Casarin. Os mesmos permaneceriam até 1997, saíriam junto com Carlos Maltz.

Cada vez mais, as transformações na formação só evidenciavam o gessingertrismo que os Engenheiros do Hawaii se tornariam, se ele era o melhor músico da banda, a partir de agora, seria a banda.

Junto com Luciano Granja, Adal Fonseca e Lúcio Dorfman, é lançado Tchau Radar!, em 1999, o décimo segundo álbum da banda. Desta vez, solto para compor como quisesse, Humberto se torna expresso, claro e conciso ao tratar de vários temas como o amor, a despedida, a sociedade e sempre balbuciar sobre filosofia.

De cara, uma das canções mais expressivas sobre amor que já compôs: 'Eu que não amo você.' Um sujeito abandonado e esgarniçado pela própria parceira, se vê em uma relação de amor e ódio durante longos meses enquanto tenta superar a dor de sua partida e conjurar a imagem que para seguir em frente era preciso murmurar: 'Eu que não fumo, queria um cigarro, eu que não amo você.'

Em seguida, uma das melhores versões de músicas do Dylan que já escutei, 'It´s All Over Now Baby Blue' vira 'Negro Amor' pelos dedos de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti. Continuando chegamos a 'Concreto e Asfalto' onde Gessinger dispara a necessidade de se auto-conhecer e de se aceitar antes de cada passo, porque lutar contra si mesmo de forma destrutiva e ilusória, é uma piada: 'se eu fosse um cara diferente, sabe lá o que eu seria?'.

'Até Mais' é um doloroso ensinamento sobre a despedida, como é difícil deixar pra lá algo sabendo que será permanente: 'diga até mais, mesmo se for adeus.' 'Nada é Fácil' é uma das mais realistas crônicas desse monstro do rock brasileiro, a sabedoria da existência de obstáculos em tudo na vida, e a necessidade de se deixar um mundo ideal de lado a procura da própria felicidade: 'reza a lenda que a gente nasceu pra ser feliz, que o crime não compensa e que tudo conspira a favor.' Pra não tornar isso aqui uma epopéia, fecho com a belíssima '3x4', canção que Gessinger escreveu para a esposa, Adriana Sesti, afinal, é sempre ótimo homenagear sua amada com belas frases.

Um disco que pôs os Engenheiros do Hawaii novamente em rota, e selou a Humberto dependência da banda, o modo produtivo estaria alterado, para dar lugar a novas composições. Meu disco preferido pós-Licks e Maltz.

01- Eu que Não Amo Você
02- Negro Amor
03- Concreto & Asfalto
04- Até Mais
05- Nada Fácil
06- O Olho do Furacão
07- Seguir Viagem
08- 10.000 Destinos
09- Na Real
10- 3x4
11- Melhor Assim
12- Cruzada
Link: http://www.*4shared.com*/file/peRkCu7a/Engenheiros_do_Hawaii_-_1999_-.htm

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ira! - Vivendo e Não Aprendendo [1986]

Minha banda paulista predileta. E o Ultraje, diria alguns? O Ultraje é de Marte, não deve competir com meros Terráqueos. Durante muito tempo, passei a desenvolver a consciência da necessidade de uma certa sapiência sobre a vida, aquela coisa de ter noção que um bucado de coisa está além de sua compreensão, e que decisões durante a sua vida são muito, muito difíceis.

Uma hora você é um filho, um dia será um pai, quem sabe um avô. De estagiário será um profissional, um chefe, um diretor, um presidente. De ficante será namorado, marido. Ou, como Deus joga dados, você poderá sair do nada para a porra nenhuma, sem nem ter notado, e o curso nunca terá seguido. A vida não é um rio, nem um castelo de cartas marcadas, ela se bifurca e assume várias definições, basta você descobrir qual curso é mais adequado ao seu coração.

Se existe uma banda na música brasileira que transforma essas preocupações em canções, é o Ira! (é, com exclamação, diferentemente do exército revolucionário irlandês). Em 1986, O Ira! lançou Vivendo e Não Aprendendo. Seu segundo disco tem uma maturidade e uma visão ampla sobre temas recorrentes a qualquer cidadão de meia-tigela que supera várias bandas da mesma época, era e é rock de gente grande.

Crescer com um disco desse ao lado, é algo que lhe marca por toda a vida, sua acepção te dá formas novas de olhar sobre diversos aspectos dessa existência chechelenta. Ou seja, se eu conseguir afastar Luan Santana, NX Zero e Restart dos ouvidos do meu filho, e ele ouvir 'Quinze Anos', será um homem. Simples assim.

O Ira! nasceu em 1981, em São Paulo. Edgard Scandurra (o maior guitarrista de sua geração) tinha uma banda punk onde entoava coisas do Led Zepellin, irônicou ou não, é quase um Jimmi Page brasileiro. A banda se chamava Subúrbio. Conheceu Nasi, o Marcos Valadão Rodolfo no Colégio Brasílio Machado. Nasi entraria para a banda, e 'Pobre Paulista' começaria a tocar pra caramba em São Paulo na década de 80. O serviço de Scandurra no exército, deu ao rock nacional a criação do Ira! e a composição de 'Núcleo Base'.

A primeira faixa desse disco, já é um sensacional cartão de visitas. 'Envelheço na Cidade' é uma comprovação da ligação do homem contemporâneo com o caos urbano onde vive. Aqui, onde os anos passam quase desapercebidos, sua vida se constrói e você, cara pálida, nem nota. 'Dias de Luta' contém um dos versos mais bonitos que já ouvi: se meu filho não nasceu, eu ainda sou o filho, quase uma Father And Son recriada por Edgard Scandurra.

O constante auto-conhecimento presente nessas faixas, desemboca em 'Quinze Anos', uma nostálgica e bela composição sobre um homem revivendo seu passado. A máscara tão bem cultivada parece muito frágil diante da finitude da vida. As lembranças, os amores, as amizades, tudo parece uma lembrança antiga que permeeou a vida daquele que apesar de ter vivido, parece não ter aprendido.

'Flores em Você', o grande hit desse disco, foi tema de novela global, o que vocês devem imaginar o quanto elevou essa turma no mercado industrial, coisa que diminuiu bastante depois que o Ira! se recusou a tocar o playback da própria no Globo de Ouro da Vênus Platinada.

No ano de 1986 foi lançado grandes discos: Dois da Legião Urbana, Cabeça Dinossauro dos Titãs e Selvagem dos Paralamas do Sucesso. Eu, em minha modesta e inocente opinião, considero esse o maior lançamento do ano. Mas, não vão na minha, afinal, continuo vivendo e não aprendendo.

01- Envelheço na Cidade
02- Casa de Papel
03- Dias de Luta
04- Tanto Quanto Eu
05- Vitrine Viva
06- Flores Em Você
07- Quinze Anos
08- Nas Ruas
09- Gritos na Multidão
10- Pobre Paulista

Link: http://www.*megaupload.com*/?d=C0Q6CMND


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Raul Seixas - Gita [1974]

Após ter visto seus sogros, companheiros, e todos os seus parentes situados no posto dos dois exércitos, Arjuna ficou com grande compaixão e pesar, dizendo as seguintes palavras: Ó Krishna, vendo meus parentes, fixos com o desejo de lutar, meus membros tremem, minha boca começa a secar. Meu corpo estremece e meus cabelos se arrepiam. (1.27-29)

Arjuna, princípe de seu reino, enfrenta um grande dilema quando presencia no campo de batalha seus parentes e amigos mais próximos entre aqueles dispostos a usurpar o seu trono. Desnorteado, pede ajuda a Krishna, o profeta do Hinduísmo, para que explique e o ilumine perante essa decisão.

Krishna explica que a única forma de superar essa situação, seria confiar em seus ensinamentos e enfrentar as pessoas que mais amava, como única forma de manutenção do seu trono e de sua própria vida. A parábola presente no Bhagavad Gita, o livro mais importante da religião Vaishnava, contém um dos ensinamentos mais essenciais da filosofia oriental: a auto-realização.

Perante ela, o homem para tornar-se livre e pleno precisa ter conhecimento de si próprio, olhar para dentro de si e compreender a necessidade em livrar do seu Eu os males que o Ego pode trazer. Desta forma, assim como Arjuna abraçaria Krishna e lutaria contra as pessoas que mais amava, o homem deveria lutar contra si próprio para alcançar a libertação e se transformar no super-homem (aquele invocado por Nietzsche em 'Assim falou Zaratustra', milhares de anos depois).

Sem dúvida, apesar de eu não ter ligação com nenhuma religião, reconheço a belíssima literatura presente em alguns textos. Com certeza, Gita sem preconceito de nenhum tipo, pode ser lido por qualquer pessoa que queira compreender o fenônemo do auto-conhecimento. Algumas coisas nos fortalecem o corpo, outras, o espírito.

Imerso nessa riqueza de espiritualidade, Raul Seixas compôs ao lado de Paulo Coelho, a canção mais admirada de sua vasta discografia: 'Gita'. O refrão, tão adorado por nós, é apenas uma reprodução do capítulo em que Krishna explica a Arjuna a necessidade de acreditar nele, porque ele era o 'Tudo e O Nada'.

Raul, após abandonar as primeiras infuências de Elvis Presley e do rock americano dos anos 50, passou a misturar filosofia oriental, bruxaria e paganismo em seu som. De Raulzito, viraria Maluco Beleza, algo totalmente natural na evolução da personalidade de todo mundo, cada um deve procurar aquilo que lhe torne mais próximo de sua essência. O maior roqueiro do Brasil, é também um dos preferidos de alguém que amo consideravelmente, sua presença aqui além de totalmente justificável, era uma obrigação.

Gita elevou Raul a uma profundidade letrística única no rock brasileiro, ninguém por aqui tinha muita idéia de como se faza isso, todo mundo admirava o que Dylan fazia, com aquela cara de: 'Porra, eu queria saber fazer isso'. Mas, Raul fez como ele, e fez divinamente. Lançado em 1974, foi seu terceiro álbum e o mais vendido.

Além do Bhavagad Gita, Raul extremamente influenciado pela amizade com Paulo Coelho, introduziria parte da filosofia do bruxo Aleister Crowley em 'Sociedade Alternativa', um alquimista que queria construir uma sociedade baseada numa máxima de libertação, onde tudo se resumiria em uma única lei: todo mundo é uma estrela, faz o que tu queres, há de ser tudo da lei.

As influências alquimistas e religiosas de Raul podem ficar para um próximo post, é uma ótima pedida para um especial. O disco ainda se perfaz com as belíssimas 'Medo da Chuva' (minha preferida em toda discografia Seixiana) e o 'Trem das Sete'. Um disco único, pra mim um dos maiores de toda a música brasileira, que levou Raul Seixas ao exílio e a eternidade no coração de muitos brasileiros.

Toca Raul!

01- Super Heróis
02- Medo da Chuva
03- As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor
04- Água Viva
05- Moleque Maravilhoso
06- Sessão das 10
07- Sociedade Alternativa
08- O Trem das Sete
09- SOS
10- Prelúdio
11- Loteria da Babilônia

Link: http://www.*4shared*.com/file/rM3nFMhH/raul_seixas_-__1974__gita.htm

terça-feira, 19 de julho de 2011

Capital Inicial - Acústico MTV [2000]

Ops, voltei. Perdido entre os últimos dias da OAB, acabei deixando de lado os amados discos. Na verdade, era só uma questão de tempo, até voltarem pros meus braços.

Espólio do Aborto Elétrico, o Capital talvez seja a banda mais Brasiliana de todas, com direito a DVD Ao Vivo em frente a Esplanada dos Ministérios. Seu surgimento se enrola com o próprio aparecimento do rock brasileiro dos anos 80 como assim hoje conhecemos. O Aborto era uma banda punk local, idealizada por Renato Russo e os irmãos Lemos. A partir de 82, Renato dá a louca a partir da morte de John Lennon e decide sair da banda. Foi assim que um cabeludo, cheios de gírias, filho de diplomata é indicado para os vocais, era Fernando Ouro Preto.

Dinho era baterista de Dado Villa-Lobos, na Dado e o Reino Animal (na verdade, escrevia-se em letras minúsculas). O Capital por vários anos na década de 80, encarou o manto da incerteza, foram os últimos de Brasília a estourarem, os últimos a gravarem. Era aquela coisa de ver todo mundo conseguindo as coisas e você ficando pra trás. De toda forma, você além de não conseguir disfarçar sua insatisfação, começava a duvidar de sua própria capacidade.

Finalmente, em 1986, quando a Legião Urbana já explodia com Dois, o Capital lança seu primeiro cd, intitulado com o próprio nome da banda. A partir daí, a banda entrava de vez no rol das mais ouvidas do país, e o sucesso perduraria até 1993. Esse ano, Dinho Ouro Preto (além de Bozzo Baretti), saía pela porta da frente. Uma decisão difícil e de drásticas consequências para ambos os lados. Para a banda, que colocaria o ex- Rúcula Murilo Lima nos vocais, havia a sensação de um imenso vazio, que por mais que Murilo tentasse, não conseguiria preencher. O disco Rua 47, lançado em 1995, foi um fiasco.

Já Dinho, perdia-se completamente sem fazer música. Confessado pelo próprio que o uso cada vez mais constante de drogas naquela época, o definhou e quase o levou à morte. Eram tempos negros, em que a velha imagem de todos de fraque dançando no clipe de 'Música Urbana' parecia tão distante, quanto irreal. Para a sorte de todos, a Polygram lançou um Best Of, muito bem recebido pela crítica em 1998. A turma antiga matava saudade de coisas como 'Independência' e 'Veraneio Vascaína', já os mais novos, resgatavam discos há muito tempo encostados em alguma dispensa pelos pais. Era o renascimento.

O Acústico MTV seria apenas a confirmação disso. Assim como não tenho muita preferência por Best Ofs, também não sou apaixonado por discos ao vivo. Entretanto, esse disco vai além de uma mera apresentação. Tem um significado de fênix, de ressurgimento, não aquela coisa fajuta que o RPM lança há cada 5 anos quando Paulo Ricardo tem alguma briguinha e fica de mal com o resto da turma. Tem gosto de saída do fundo do poço, tem gosto de vida, Dinho que o diga. É esses ensinamentos que a gente tem que levar pra essa merda de vida.

Lançado em 2000, o acústico traz Zélia Duncan e o one-hit man Kiko Zambianchi, alcançando um sucesso estrondoso. Entre as faixas, releituras de músicas antigas do grupo e versões do Aborto Elétrico, que ficaram de presente após a saída de Renato. Um disco que me mostrou uma das melhores coisas que os anos 80 tinham deixado para trás, e que mostra que enquanto estivermos vivos, sempre teremos a chance de consertar o que parece destruído, renová-lo e utilizar para nossa nova vida. Com vocês, Capital Inicial.

01- O Passageiro
02- O Mundo
03- Todas As Noites
04- Tudo Que Vai
05- Independência
06- Leve Desespero
07- Eu Vou Estar
08- Primeiros Erros
09- Cai A Noite
10- Natasha
11- Fogo
12- Fátima
13- Veraneio Vascaína
14- Música Urbana

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terça-feira, 12 de julho de 2011

James Blunt - Some Kind Of Trouble [2010]

O Leoni britânico. Após o sucesso estrondoso de Back To Bedlam, Blunt lançou em 2007 seu segundo cd, intitulado All The Lost Souls. Um disco com composições mais sérias e pesadas, que embalou temas de amor nas novelas pela Globo afora.

A música é sobretudo, uma produção cultural individual que acaba ultrapassando limites e alcançando uma coletividade. Discos representam pra mim mais do que um punhado de faixas se exercitando durante 40 a 50 min, são como seres que repassam e refletem a carga por trás de composições pra minha vida e pra muita gente nesse planeta água.

Por ter essa ligação tão forte com coisas que outros compõem, com violões, pianos, guitarras e doses de whisky, é que a minha vida pode seguir do jeito que segue. Afinal, como diria o pernambucano Chinaman, eu sou aquilo que consumo.

A partir do segundo disco, Blunt percebeu a inócua relação que se cria entre uma artista e seu hit ao passar dos anos, 'You´re Beautiful' tocou nas rádios, da Guiana Francesa a Madagascar. Não que não fosse uma ótima composição, claro que era, mas, com os anos precisamos deixar pra trás coisas que nos aconteceram pra poder criar outras melhores ainda, senão iguais as que se foram, pelo menos mais sinceras e diferentes. Nessa toada, ficou imprescindível repaginar o seu som, surgindo esse terceiro disco, lançado no ano passado, intitulado Some Kind Of Trouble.

Dessa vez, o inglês traz uma sonoridade otimista e prediposta em seus versos, mesmo com canções que titubeiam entre momentos bons e ruins de uma relação, por detrás de cada faixa há sempre uma mensagem de que as coisas vão dar certo, aquela coisa da fé que me faz otimista demais que Roberto Carlos tanto fala há tanto tempo. Nas palavras do próprio:

'Tem uma certa inocência que meu último álbum não tinha. Ele não se parece com o atual electro pop, parece com o som do final da década de 70, início dos anos 80, quando as bandas americanas foram para o Reino Unido. O que eu realmente gosto sobre isso é sua energia e otimismo - é completamente positivo.'

A canção mais grudenta do cd é realmente a primeira faixa 'Stay The Night', uma balada que cita Bob Marley, Billie Jean e pode ser cantada em qualquer luau à beira mar possível. 'These Are The Words' é doce como qualquer canção pop, enquanto 'So Far Gone' (a mais bela) e 'If Time Is All I have' falam sobre perda da maneira mais cheia de compostura possível, tornando explícita a necessidade de seguir em frente. O piano tão utilizado nos primeiros cds não fica de fora, aparecendo bem elaborado em 'No Tears'.

É assim que Blunt esquece parte de 'You´re Beautiful' e assume nova forma, como todo artista consciente do meio industrial deve fazer. Por mais que goste de um grande hit, sabe que no fundo ela é apenas peça de algum karaokê barato na Indonésia.

É assim que para mim, sempre há espaço pra descobertas que te trazem coisas ótimas e lhe deixam em um estado que você não imaginaria estar. Descobertas que vem de um lugar muito próximo, seja de dentro de você, ou de lugares ao seu lado, onde sempre estiveram esperando. Como diria Mosby: 'só vimos o que queremos ver, quando estamos preparados para vê-lo.' Assim como Blunt em Some Kind Of Trouble, meu presente dá ao meu futuro imagens cada vez mais positivas.

01- Stay The Night
02- Dangerous
03- Best Laid Plans
04- So Far Gone
05- No Tears
06- Superstar
07- These Are The Words
08- Calling Out Your Name
09- Heart Of A Gold
10- I´ll Be Your Man
11- If Time Is All I Have
12- Turn Me On

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domingo, 10 de julho de 2011

Pink Floyd - Wish You Were Here [1975]

Sempre relutei em escrever sobre o Floyd, porque tenho tanta reverência pelo som desses caras, que sempre senti que o que escrevesse estaria aquém do que eles merecem, ou, a contrario sensu, estaria muito além do que a obra deles realmente significa. Mas, acredito, principalmente, que a escrita deve ser um reflexo sincero, não da realidade à sua volta, mas, ser sempre fiel ao autor que a concebe.

Pois bem, em meados da década de 70, o Pink Floyd já era reverenciado por terem criado o Dark Side Of The Moon. Nada, até então, era comparável a esse disco. Na época, todos o olhavam como o maior disco de todos os tempos. Quando uma banda atinge um patamar como esse, fica difícil lidar com tudo que cerca uma posição como essa. Fãs, shows megalomaníacos, gravadoras, empresários, jornais, mulheres, drogas, fãs, shows megalomaníacos, enfim.. deu pra entender.

A transformação de uma notória banda de rock progressivo a uma das maiores do mundo não se dá de forma lenta e graduada, se dá como um soco no estômago. E nem todos estão muitos preparados pra isso. A temática de Wish You Were Here é a vontade de Waters e Gilmour em demonstrar implicitamente o desconforto com essa situação.

O Pink Floyd passava a ser um mero instrumento de lucro, tanto deles, como de muita gente à sua volta, e isso é algo muito perigoso, muita coisa legal pode acabar por aí. Era preciso uma resposta, e uma propagação de que: 'Ei, a gente num é muito isso do que vocês tão pensando, somos diferentes.' E essa necessidade se tornou ainda mais explícita com uma visita inusitada naquele mesmo ano. Em meio as gravações do disco, na Abbey Road, colocou a cara na saleta da banda alguém chamado como Syd Barret. Syd foi o fundador do Pink Floyd, no final da década de 60. O nome da banda deriva do gosto dele pelo blues, homenageando dois compositores do gênero: Pink Anderson e Floyd Council.

O problema é que com poucos anos na liderança da banda, Syd se entorpeceu de tudo que encontrava pelo caminho, comprometendo totalmente sua perfomance artística. Ficava inviável permanecer na banda. Seu afastamento e a substituição pelo ex-modelo Dadid Gilmour transformaria a estrutura do Pink Floyd, seria definitiva. Quando Syd apareceu gordo, careca e com visíveis problemas de saúde, todos eles perceberam que as coisas podiam dar muito errado, muito mesmo.

Foi aí, que Gilmour compôs 'Shine On Your Crazy Diamond', uma epopéia de 25 minutos que permeia todo o disco, talvez o single mais legal do Floyd, em homenagem ao seu ex-líder. Aliada a ela, Waters dá boas-vindas a eles próprios no meio industrial, com 'Welcome To The Machine'. Enquanto essas duas faixas permeavam todo o desespero e a preocupação existente pelos rumos da banda, 'Have a Cigar' composta por um amigo da turma, Roy Harper, falava apenas sobre ingratidão. Fechando o disco, aparecia 'Wish You Were Here', talvez, a música mais conhecida da história da banda, desabafando sobre ternura e solitude, refletindo expressamente o que o grupo sentia. Um disco que destoa da progressividade constante do Pink Floyd, mas, que não deixar de ser um de seus melhores, mais sinceros e mais belos.

01- Shine On Your Crazy Diamond (Partes I a V)
02- Welcome To The Machine
03- Have a Cigar
04- Wish You Were Here
05- Shine On Your Crazy Diamond (Partes VI a IX)


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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os Paralamas do Sucesso - O Passo do Lui [1984]

Minha banda de Brasília predileta. Assim como um bom time, uma banda tem que ser composta por grandes componentes. Às vezes, vale mais o coletivo que o talento individual. O Pink Floyd nunca foi composto por exímios instrumentistas, mas, criavam um som que ninguém mais conseguiu igualar. Dessa mesma forma, o grupo pode até ter um ou outro gênio e não fazer uma porcaria decente.

Os Paralamas, pelo contrário, conseguiram aliar a genialidade instrumental dos seus membros com uma qualidade muito acima da média em suas composições. Hebert, Bi e Barone são os melhores músicos de sua geração. É, são mesmo. Talvez só Edgar Scandurra possua um talento comparável a guitarra que Hebert Vianna.

Já na bateria, não consigo ver ninguém melhor que João Barone, nem o baixo de Bi parece estar perto de qualquer um de sua época. Gosto dessas comparações inseridas em um mesmo contexto histórico, essa coisa de 'melhor de todos os tempos' é uma furada, cada sujeito é proveniente de seu próprio tempo na linha de do papai Chronos.

Pois bem, querem historinha? Lá vem. Essa turma se reuniu no final da década de 70 no Rio, Hebert e Bi foram vizinhos em Brasília e se mudaram pro Rio pra estudar. Montaram um grupo junto com Vital, que depois que furou um show na Universidade Rural, nunca mais voltou, sendo substituído por João Barone. Para Vital, apenas a glória de ser eternizado no primeiro sucesso da banda: 'Vital e Sua Moto'.

Após serem a primeira banda originária de Brasília a emplacar no cenário daquela década, apareceu seu segundo cd: O Passo Do Lui. Lançado em 1984, possui a sequência mais fuderosa que eu já vi um disco nacional apresentar, é uma sequência de hits impossível de não ser ouvida várias vezes, o apogeu de 3 músicos aos seus 20 e poucos anos, tocando o que mais gostava. Se você taí pensando em como se salvar depois de ter feito merda com a namorada, ouça esse disco, talvez lhe dê idéias, até tentei refazer uma carta de amor que bem poderia ser escrita apenas com essas músicas, se quiser usar, me dê os créditos:

Por que você não olha pra mim? por trás dessa lente tem um cara legal. Entenda, que o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria. Sei lá, vai ver, que a confusão fui eu que fiz! fui eu! Entendi que eu tô pagando pelos erros que eu nem sei se cometi. Pior que de todos os seus sonhos, não restou nenhum, de tudo que eu li, do pouco que eu sei, nada me resta. É, eu sei, jogos de amor são pra se jogar. Sigo assaltando a gramática, assassinando a métrica, porque você merece um amor que lhe dê aquilo que for.

Assim, Hebert Vianna desencantou como grande mente do rock nacional, ainda podendo ficar em pé, dando pulinhos e caindo nas graças de um Rock In Rio lotado. O Passo do Lui foi tão significativo nas rádios quando Nós Vamos Invadir Sua Praia ou Rádio Pirata, tocou, tocou, tocou até ninguém aguentar mais. Discos como esse, me dão aquela estranha vontade de ter vivido o que nem vivi.

Sobre a fase posterior, mais politizada, aparecerá em um próximo post, por enquanto se deleitem com a maior banda do rock nacional dos anos 80.

01 - Óculos
02- Meu Erro
03- Fui Eu
04- Romance Ideal
05- Ska
06- Mensagem de Amor
07- Me Liga
08- Assaltaram a Gramática
09- Menino e Menina
10- O Passo do Lui

Link: http://www.*4shared.com*/file/puOjN1py/1984_-_O_passo_do_Lui.htm

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ludov - O Exercício das Pequenas Coisas [2004]

Na metade dos anos 2000, a MTV já começava a capengar em sua programação. A emissora que um dia teve gente como Thunderbird, perdia cada vez mais a credibilidade pra mim, principalmente em relação a seus prêmios. Atualmente, quem vê Restart faturando tudo que é troféu por lá, nem imagina que em cima daquele palco já passou gente como Chico Sciente & Nação Zumbi. O ciclo da vida é uma merda mesmo.

Em outubro de 2004, uma banda paulista levava o caneco por 'Melhor Videoclipe Independente' da música 'Princesa', era a turma do Ludov. Naquela época, era comum encontrar na grade de programação algumas bandas que faziam um rock bonitinho, café com leite e de boa índole. Essa turma era exatamente o grande expoente do que aparecia de novo. Com mais de 10 anos de underground, o Ludov derivava de uma banda chamada Maybees, que há um bom tempo tocava em inglês nas nights paulistanas.

Como com o tempo cantar em inglês se torna um pé no saco (É, o Sepultura é um pé no saco), pensaram que seria melhor balbuciar no bom português, usando uma abreviatura do Tratamento Ludovico, eternizado por Kubrick em Laranja Mecânica. O primeiro EP, Dois a Rodar, estreou em 2003, com um apanhado de músicas bonitinhas e leves, facilmente comestíveis. Com o sucesso de 'Princesa', e o videoclipe da aeromoça, ganharam notoriedade no cenário indie brasileiro, e uma assinatura com uma gravadora não tardaria.

Foi assim que chegaram a Deckdiscos, tornando o primeiro cd uma possibilidade concreta. O Exercício das Pequenas Coisas é sem dúvida, um bom disco. Me lembra um pouco de Penélope, outra banda paulista conhecida por suas músicas a là Pixies e Belle and Sebastian, com voz feminina e oposto de conterrâneos como Ira!. A formação do Ludov pra esse disco, traz Vanessa Krungold nos vocais, o japa fã de quadrinhos Mauro Motoki, Paulo Chapolim, Habacuque Lima e Eduardo Filomeno, uma escalação que deixaria qualquer locutor de futebol de cabelo em pé.

O disco, em si, é daqueles de se ouvir escovando os dentes, em uma boa manhã de domingo. Ressalta as coisas boas da vida, o lado bom do amor, aquela frescurite de paz que sempre assola todo mundo, principalmente quando se pensa que uma coisa intangível como a felicidade parece estar presente.

01- Sério
02- Estrelas
03- O Dia em Que Seremos Felizes
04- Dorme Em Paz
05- Esquece e Vai
06- Sete Anos
07- Kriptonita
08- Supertrunfo
09- Gramado
10- Mais uma Vez
11- Elastano
12- Todo Esse Ar
13- Tudo Bem, Tudo Bom
14- É Só Saudade
15- Princesa (bônus)

Link:
http://www.*4shared*.com/dir/4598210/6aa43092/ludov_-_o_exerccio_das_pequenas_coisas.html

sábado, 2 de julho de 2011

Zeca Baleiro - Pet Shop Mundo Cão [2002]

José Ribamar dos Santos, o Baleiro. Creio eu, que nessa minha já vasta presença em shows de muita gente, foi quem eu mais vi. Conto 4 apresentações, ao todo. Zeca Baleiro é oriundo de São Luís do Maranhão, a terra do reagge.

Esse maranhense sempre teve ligado a música, começou sua carreira escrevendo músicas infantis para teatro, depois pinotou para São Paulo, onde passou a dividir apartamento co
m o maluco do Chico César, aflorando de vez suas composições até chegar a 'Flor da Pele', lançada por Gal Costa.

Não dá pra dizer que Zeca seja unicamente um cantor de MPB, é mais ou menos o que a sobriedade de Lenine não deixa escapar: ninguém hoje faz MPB. Esse gênero utilizado pelo mercado comercial e pelo boca-a-boca das pessoas está preso a figuras como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, há muito tempo vivemos outro momento, onde a interatividade de ritmos é que fazem a totalidade da boa música feita por aqui.

De tudo que esse vendedor de doces já fez, o meu preferido é Pet Shop Mundo Cão, talvez o mais renegado entre o grande público. Pet Shop é, além de tudo, louco pra caramba. Zeca mistura côco, samba, eletrônico, Roberto Carlos e rock´n´roll em uma salada de puro refinamento, fazendo com que seja com certeza seu mais genioso trabalho. Para se ter uma idéia da complexidade de temas desse disco, vou listar aqui as preciosidades como se fossem relacionadas a tópicos de um artigo científico, um índice pseudointelecutal muito mal feito, vamos lá:

1- Multivariedade racial e cultural: em 'Minha Tribo Sou Eu, Zeca traz a noção de como é fútil a discussão sobre dogmas raciais e culturais, na verdade, o ser humano moderno é cada vez mais cosmopolita e contemporâneo, e todo bairrismo, que gente como eu ainda costuma a colocar, é frágil de argumento e aplicação.

2- Alienação do Trabalho: como muita gente sabe, trabalhar é uma merda. É a grande causa de alienação e subdesenvolvimento da capacidade humana, como o velho Chaplin já dizia em Tempos Modernos. 'Eu Despedi o Meu Patrão', é uma libertação das amarras do meio produtivo capitalista, sonho de muitos, e privilégios de poucos.

3- Apego à Tecnologia: Em 'O Hacker', exercita um bom jogo de palavras utilizando-se da união entre a vida cotidiana e símbolos tecnológicos como a Internet. O chat das 5, que hoje substitui o antigo encontro entre rodas de amigos.

4- O espetáculo do Mundo Business: A mentalidade cada vez mais aliada a utilização de tudo e de todos como forças de um meio produtivo aparece em 'Mundo dos Negócios', o popular ganhar dinheiro com tudo e de todas as formas. A arte cada vez mais subjulgada pelo negócio.

5- O Cotidiano e a Urbanidade: a rotina que qualquer um cai e que profundamente gente como eu deseja em 'Filho e Um Cachorro', afinal, o ideal de família burguês existe desde a Revolução Francesa, somos filhos dele e nossa maioria, pelo menos ainda, persiste como os propagadores dele.

Depois dessa mostra de até onde a poesia de gente como José Ribamar vai, fica obrigatório curtir esse disco, afinal, o mundo é cão, mas, nós não.

01- Minha Tribo Sou Eu
02- Eu Despedi O Meu Patrão
03- O Hacker
04- Telegrama
05- Mundo dos Negócios
06- Guru da Galera
07- Drumembêis
08- Um Filho e Um Cachorro
09- Fiz Esta Canção
10- As Meninas do Jardim
11- Mundo Cão
12- Filho da Véia
13- A Serpente
14- Meu Nome é Nelson Rodrigues

Link: http://www.*4shared.com*/file/ofOk3foy/Zeca_Baleiro_-_Pet_Shop_Mundo_.htm