sexta-feira, 29 de abril de 2011

Legião Urbana - As Quatro Estações [1989]

Um dos primeiros disco que me vinheram parar em mãos, talvez o primeiro LP que tenha tateado e ouvido. Hoje a capa em cinza, fubenta, coberta por um plástico amarelado traz uma áurea clássica e intocável a um dos discos mais representativos de todo o rock brasileiro.

1989 foi um ano interessante, esportivamente a seleção se preparava para a pífia Copa de 90, Ayrton Senna lutava ponto a ponto com Alain Prost pelo bi-campeonato mundial e Rubens Barrichello era um galego franzino que despontava no cenário nacional ao vencer a Fórmula Ford Brasileira. Politicamente, o Brasil saía de uma ditadura de 20 anos, engatinhando e tentando entender um sistema pouco desconhecido na terra do samba, uma tal de democracia. Mundialmente o muro de Berlim era destruído, e acabava a frescura de ser Alemão Oriental e Ocidental, a Alemanha voltava a ser unificada. Culturalmente, a onda da vez era o rock nacional, que projetava-se cada vez mais na mídia e entre os jovens, intectualmente representado pela Legião Urbana. Indivualmente, eu nasci. Esse, com certeza, o melhor fato histórico de todos.

Dentre esses fatores, ser jovem em 1989 parecia ser legal, para um nostálgico com eu, cada palavra citada sobre o que acontecia em tempos tão remotos é capaz de causar arrepio. Mas, na verdade, as coisas eram tão ruins ou tão boas como hoje, a história é cíclica, e provavelmente o que você vive hoje, coçando o saco lendo um blog duvidoso, você viveria 22 anos atrás, lendo um folhetim vagabundo. Mas, falaremos do disco, han?

As Quatro Estações é o quarto trabalho do (já) trio. Renato Manfredini aparece em sua melhor fase como compositor, como poderia-se tirar de qualquer resumo de jornal da época: 'respondendo aos anseios da juventude', algo do tipo. O certo é o que o disco, talvez com certa raridade dentro da música nacional, consegue falar intimimamente de maneira popular.

O que quero dizer com isso? Que todo mundo, eu disse todos, ficaram de alguma forma sensibilizados por algum verso de 'Pais e Filhos' ou de 'Há Tempos', a sensibilidade encontrada em cada música não foi encontrada por qualquer intelectual de meia tigela que cospe diamante (thanks, Bukowski), partiu espontaneamente de milhões de pessoas. Um fenômeno raro se tratando de música pop, não tanto internacionalmente, mas raríssimo na cultura brasileira, fato esse, que nunca mais se repetiu.

9, das 11 músicas do disco, tocaram na rádio. Acho que só 'Nós Vamos Invadir Sua Praia' ou 'Rádio Pirata' encheram mais o saco que 'As Quatro Estações'. Se as rádios hoje se debatem para tocar coisas como Restart, Fresno e Black Yead Peas, naquela época a sensação eram as bandas de Brasília, aliadas ao Barão Vermelho, Cazuza e o Ultraje a Rigor. Eram figurinhas carimbadas em qualquer horário da programação. Assim, se explica muito do que sacudi no parágrafo interior.

Enfim, o disco é cheio de características que marcaram pra sempre a carreira e a personalidade da banda, colaborando para sua mitificação ao longo de uma geração. Renato assume sua bissexualidade em 'Meninos e Meninas' e 'Maurício', transborda talento ao traduzir a relação familiar dos jovens no início dos anos 90, em 'Pais e Filhos' e professa sua fé católica, em 'Monte Castelo'. Além da força musical, a estrutura do grupo também muda, com a saída de Renato Rocha, o 'Neguete', motivada por problemas de álcool e desleixo. Ou seja, o trio se solidificaria para sempre, e a Legião Urbana passava a ser conhecida como Dado, Russo e Bonfá.

1- Há Tempos
2- Pais e Filhos
3- Feedback Song for A Dying Friend
4- Quanto o Sol Bater na Janela do Teu Quarto
5- Eu Era um Lobisomem Juvenil
6- 1965 (Duas Tribos)
7- Monte Castelo
8- Maurício
9- Meninos e Meninas
10- Sete Cidades
11- Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar

Link: http://www.*4shared*.com/file/eXjd8zZE/LU_-_As_Quatro_Estaes_Ao_Vivo_.htm

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