quinta-feira, 24 de maio de 2012

The Libertines - Up The Bracket [2002]

Em alguma época, motivados pelos surgimentos dos Strokes, surgiram diversas bandas inglesas e americanas com "The" no início de seu nome. Um resgate ao rock sujo, de garagem, formado com sequências de acordes rápidos elevados por batidas concisas e certeiras durante uma fração pouco maior que 2 minutos. 

Era o punk de volta, não como conhecíamos nos anos 70, mas de certa forma resgatando um pouco do lirismo em poucas notas que havia se perdido na metade dos anos 90. Era como se a onda grunge estivesse de volta só que com calças mais apertadas, jaquetas de couro e um bom espaço em qualquer veículo de mídia. Sobretudo a internet. 

Entre coisas como The Hives e The Vines, havia The Libertines. Com certeza, considero como os melhores dessa turma. Simplesmente se tinha de volta Keith Richards e Sid Vicious personificados na figura de Peter Doherty. Para quem está o conhecendo pela primeira vez nesse texto. Eu devo avisar. Esse cara é muito louco. 

Mas, tão louco que às vezes parecia brilhante. Porque caras tão malucos são assim, por debaixo de suas doidices sempre há um pouco de genialidade. Por mais que parecesse apenas mais um drogado empurrando uma guitarra pelo meio de Londres, Doherty contava com um lirismo pouco encontrado em bandas de seu gênero.

O nível cultural que parecia influenciar os Libertines vinha de coisas como Smiths, Kinks, Clash, Sex Pistols,  grupos obrigatórios se você é um britânico que pretende viver fazendo música com o mínimo de decência. Aliado a influência musical também bebiam muito na literatura, principalmente de poetas ingleses do século XIX à Charles Dickens. Alguma modernização de Lord Byron ou coisa do tipo.

Foi assim que em 1997, Doherty se juntou a Carl Barât para compor e começar a dar os primeiros passos na noite londrina. 

O engraçado sobre esses caras e que por muito me admira é que resgatando aquela origem garagista da década de 70 tocavam em qualquer canto. Qualquer canto mesmo, seja um bar de quinta categoria frequentado por elementos de alta periculosidade até festas em colégio municipal. Não havia jeito. Eles estavam lá pra fazer rock´n´roll não importa onde fosse.

Foi no meio dessa explosão na nova cena do rock inglês que eles lançaram Up The Bracket em 2002. O disco foi muito bem recebido pela crítica e fez com que Doherty e Bârat fossem elogiados em toda a comunidade musical inglesa da época alcançando o status de novas caras do rock britânico. Mas, o grande problema continuou sendo Doherty que aumentou ainda mais sua dependência em cocaína. 

Conta Carl Bârat que um dia pegou Pete invadindo sua casa procurando bens pra alimentar seus traficantes. Enfim, a banda sucumbiu como nos anos 70, diante das drogas. Fica um disco direto, conciso e revitalizador. Como sempre, o sotaque britânico é impagável.

Curiosidades: Eleito pela Revista NME Britânica como o 2º melhor disco da década de 2000.

01- Vertigo
02- Death On The Stairs
03- Horrorshow
04- Time For Heroes
05- Boys In The Band
06- Radio America
07- Up The Bracket
08- Tell The King
09- The Boy Looked At Johnny
10- Begging
11- The Good Olds Day
12- I Get Along.

domingo, 13 de maio de 2012

Travis - The Man Who [1999]

Há coisas que você só compreende com alguns punhados de anos de vida. Quando adolescentes somos idiotas o suficiente pra rejeitar um monte de coisa legal a nossa volta. Se você ainda faz isso hoje em dia. Você continua sendo um adolescente. Não desses que curtem o Fiuk. Mas adolescente. 

Entretanto, passado algumas barreiras, compreende-se a necessidade de deixar certas experiências entrarem na sua vida pela primeira vez. 

Me refiro a coisas simples, tangíveis, reais, do cotidiano. Isso que a idade traz: sabedoria para se apegar as coisas mais desprezadas do dia a dia. Coisas que ninguém vê e estão ali presentes. Como sorrisos, gestos, cheiro do café pela manhã e tudo isso que somos forçados a achar irrelevante durante toda a vida. E por que eu estou falando todas essas coisas sem sentido? Porque o The Man Who do Travis só se tornou compreensível quando passei a adorar essas coisas mais simples que listei.

Travis foi fundada na Escócia, isso mesmo, Escócia. Aqueles homens esquisitos que usam saia masculina e tocam gaitas de foles. Lago Ness. David Coulthard. É, estereótipos. Por vezes são muitos necessários. O que importa é que Fran Healy morava em Glasgow e necessitava expor todo seu talento em compor para a comunidade. Para isso, juntou-se a Neil Primrose e Andy Dunlop, no já longínquo ano de 1991. Sob o nome de Glass Onion começaram sua aventura.

A banda só passou a chamar Travis mesmo lá pela metade dos anos 90, porque Fran Healy assistiu e adorou "Paris, Texas" do Wim Wenders (se vocês puderem assistir, assistam). Esse filme é tão fantástico que Bono Vox admitiu certas inspirações para compor The Joshua Three a partir dele. Fabuloso, né não? Com o nome do protagonista do filme estampado na cara, a banda poderia gravar seu primeiro CD em 1996.

De todo modo, só em 1999 que The Man Who foi concebido. Um disco introspectivo, simples, de acordes melódicos e melancólicos do início ao fim. Nada de pessimismo, mágoa, ressentimento, o disco fala sobre sonho, luta, sobre o prazer da virada sobre a vida ("Turn"), cantando as peripécias dessa nossa vida. Singelo, direto, concreto. Do jeito que passei a admirar a vida. Um disco ao melhor estilo trovador. Com certeza deixaria qualquer Beatle orgulhoso.

1- Writing to Reach You
2- The Fear
3- As You Are
4- Driftwood
5- The Last Laugh of The Laugher
6- Turn
7- Why Does It Always Rain On Me?
8- Luv
9- She´s So Strange
10- Slide Show

(Parabéns ao google que alterou o Blogger e me fez não conseguir redimensionar imagens como gosto. Por isso vou alterar o layout dos posts e só utilizar as capas dos discos. São sempre mais bonitas e ofuscam qualquer foto).