Vocês são incríveis. Conseguem manter um ótimo número de acessos por dia sem eu parar de ter a imensa cafasjestagem de não dedicar um pouco de tempo a isso aqui. Diante das milhões de metas do dia a dia é difícil conciliar tanta coisa. Por vocês, e por alguém em especial, que conseguiu visualizar todas essas postagens, faço a estréia de 2012.
Nesse interregno, conheci umas coisas boas, outras, nem tanto. Sem dúvida, demonstro a mais interessante: Cícero.
Como político, orador e advogado, dizem que esse Romano butou pra quebrar, virando até Cônsul (um espécie de Dilma) da República Romana nos tempos antes do homem de Nazaré (da Galiléia, não da Mata).
Sua versão carioca, brasileira e underground me presenteou com um dos discos mais legais do ano passado: Canções de Apartamento.
Apartamento: esse cubículo em que o ser humano habita na normal tendência ocidental de verticalizar e diminuir as coisas. Só quem viveu em um, sabe do quanto um apartamento pode despejar em sentimentos: companheirismo, amizade, amor, solidão, tristeza e saudade.
Aliás, essa é uma boa discussão trazida por Zeca Baleiro em toda a sua obra, a distância entre as pessoas nas grandes cidades e a valorização cada vez maior do nada, do ninguém e do passageiro. Parecemos rostos indefinidos com um ponto de interrogação na frente.
Ninguém faz questão mais de conhecer ou se relacionar com ninguém. Isso emudece e endurece a humanidade, é a consequência da tecnologia e da modernidade, algo inevitável e compreensível. Condensar essa mistura em poucas canções com qualidade e estética, são coisa rara hoje em dia. Como é a música de Cícero.
Um violão, acordes de belíssimo gosto, uma boa melodia e palavras sinceras. Foi assim que o carioca pautou todo o disco, de passagens românticas a abismos imensos recheados de harmonia e até acordeon. Ouçam isso malditos rockers da MTV, ainda se faz coisa legal nesse País.
Honrando a camisa carioca de Chico Buarque à Marcelo Camelo, em entrevista ao Musica Pavê, soltou:
MP: Começa a virar do mundo, mas sem deixar de ser todo seu, já que tudo ali é muito pessoal, né?
"Cícero: É muito doido. Você faz uma música falando de você, aí aquela pessoa longe pra caramba ouve, se identifica, e agora a música fala dela, então aquela música parece ser tão dela quanto sua. Na minha opinião, não é o meu sentimento e a minha vida que estão naquela música, aquela música tá pra representar todo mundo que se identifica com ela, sabe? É como se eu compartilhasse daquela música tanto quanto a pessoa que tá ouvindo, nós dois ouvindo aquela música e se identificando com ela. Não vejo como uma coisa minha que estou “dando pra alguém”, vejo como uma coisa minha que eu botei no mundo pra todo mundo compartilhar, inclusive eu."
Como um coração precisa de ar, ouçam esse disco, com carinho, calma, e várias vezes, se possível. Eu garanto, seu apartamento vai aparecer bem mais aconchegante.
01 - Tempo de Pipa
02- Vagalumos Cegos
03- Cecília e os Balões
04- João e o Pé de Feijão
05- Ensaio sobre Ela
06- Açúcar ou Adoçante?
07- Eu não tenho um barco, disse a árvore
08- Laiá Laiá
09- Pelo Interfone
10- Ponto Cego
Download: http://www.cicero.net.br/
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