Simulacro: imagem, cópia ou reprodução imperfeita. Imperfeito, essa seria uma boa caracterização dos discos pernambucanos antes e até durante o movimento manguebeat em meados da década de 90.
Com o tempo, a imagem pernambucana, aliada a caboclo-de-lança e maracatu, prejudicou bastante qualquer conceito que fosse além dessa mero estereótipo. Praticamente, ando dizendo que o que não soasse como Nação Zumbi, era afastado dos nossos próprios ouvidos, principalmente diante de alguma cena de Recife. Essa auto-censura e medo do novo e das derivações são limitadores comuns em uma cultura tão enraizada, mas, que sempre é nociva quando se interpretada radicalmente.
Só com os anos 2000, que o rock pernambucano começou a aceitar a idéia que não deveria beber de sua própria fonte, e ir, calmamente, buscar novos ares, miscelando com sua própria música, criando um ambiente mais rico e poderoso. China é um filho dessa nova geração. Vocalista do Sheik Tosado, banda nascida em 1996, com o intuitou de juntar o maracatu e frevo com o hardcore.
Idéia já inovadora, diante do panorama que eu citei acima, mas, na prática, era um monte de garoto que achava que berrar o tempo todo era uma coisa bonita. Às vezes sim, constantemente não. A banda durou até 2001, quando encerrou as atividades, deixando como espólio um único álbum, o Som de Caráter Urbano e de Salão.
Em seguida, para continuar como músico, o Chinaman necessitava de se entregar as suas próprias composições e procurar uma nova rapaziada. Difícil é a vida de um músico que não tenha uma formação com algum instrumento, daquele compositor que não tem enraizada a criação da música e sim, uma base linguística. Gente como Arnaldo Antunes e o próprio China, superam suas próprias debilidades porque são muito bons, e fazem amigos pra caramba. Conseguem de sua própria falta, achar os subterfúgio para nascer seus próprios projetos.
É nessa esteira, que China lança o primeiro EP sozinho, Um Só, em 2007, e parte para a gravação de seu próprio disco com uma turma da pesada: Chiquinho, os irmãos Machado e Felipe S. (Mombojó), Rafael B. (Bomsucesso) e Pupillo (Nação Zumbi). Com uma galera dessa de apoio, difícilmente apareceria um disco débil.
Simulacro se torna não um disco de autoria do próprio China, mas, uma reunião do que melhor foi produzido pelo espólio da Nação Zumbi, com uma nova vertente diferente e voluntariamente conduzida a mostrar uma nova faceta do rock pernambucano.
Aqui, há espaço para um cuidado maior, um olhar mais dedicado para produção de disco que era pouco explorada por essas terras. A influência de Roberto Carlos, de Chico Buarque e de gente do interior, como Otto, transforma o antes berrante China, em um letrista e cantor de voz baixa e suave aliada a guitarras rítmicas e programações eletrônicas.
Esse, é o novo rock pernambucano.
01- Um Dia Lindo de Morrer
02- Jardim de Inverno
03- Sem Paz
04- Asas no Pés
05- Câncer
06- Colocando Sal nas Feridas
07- Durmo Acordo
08- Canção que Não Morre no Ar
09- As Ondas Não Chegam nos Pés
10- Pastiche
Link: http://www.4shared.com/file/AcCVOBh5/China_-_Simulacro.htm
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