Em alguma época, motivados pelos surgimentos dos Strokes, surgiram diversas bandas inglesas e americanas com "The" no início de seu nome. Um resgate ao rock sujo, de garagem, formado com sequências de acordes rápidos elevados por batidas concisas e certeiras durante uma fração pouco maior que 2 minutos.
Era o punk de volta, não como conhecíamos nos anos 70, mas de certa forma resgatando um pouco do lirismo em poucas notas que havia se perdido na metade dos anos 90. Era como se a onda grunge estivesse de volta só que com calças mais apertadas, jaquetas de couro e um bom espaço em qualquer veículo de mídia. Sobretudo a internet.
Entre coisas como The Hives e The Vines, havia The Libertines. Com certeza, considero como os melhores dessa turma. Simplesmente se tinha de volta Keith Richards e Sid Vicious personificados na figura de Peter Doherty. Para quem está o conhecendo pela primeira vez nesse texto. Eu devo avisar. Esse cara é muito louco.
Mas, tão louco que às vezes parecia brilhante. Porque caras tão malucos são assim, por debaixo de suas doidices sempre há um pouco de genialidade. Por mais que parecesse apenas mais um drogado empurrando uma guitarra pelo meio de Londres, Doherty contava com um lirismo pouco encontrado em bandas de seu gênero.
O nível cultural que parecia influenciar os Libertines vinha de coisas como Smiths, Kinks, Clash, Sex Pistols, grupos obrigatórios se você é um britânico que pretende viver fazendo música com o mínimo de decência. Aliado a influência musical também bebiam muito na literatura, principalmente de poetas ingleses do século XIX à Charles Dickens. Alguma modernização de Lord Byron ou coisa do tipo.
Foi assim que em 1997, Doherty se juntou a Carl Barât para compor e começar a dar os primeiros passos na noite londrina.
O engraçado sobre esses caras e que por muito me admira é que resgatando aquela origem garagista da década de 70 tocavam em qualquer canto. Qualquer canto mesmo, seja um bar de quinta categoria frequentado por elementos de alta periculosidade até festas em colégio municipal. Não havia jeito. Eles estavam lá pra fazer rock´n´roll não importa onde fosse.
Foi no meio dessa explosão na nova cena do rock inglês que eles lançaram Up The Bracket em 2002. O disco foi muito bem recebido pela crítica e fez com que Doherty e Bârat fossem elogiados em toda a comunidade musical inglesa da época alcançando o status de novas caras do rock britânico. Mas, o grande problema continuou sendo Doherty que aumentou ainda mais sua dependência em cocaína.
Conta Carl Bârat que um dia pegou Pete invadindo sua casa procurando bens pra alimentar seus traficantes. Enfim, a banda sucumbiu como nos anos 70, diante das drogas. Fica um disco direto, conciso e revitalizador. Como sempre, o sotaque britânico é impagável.
Curiosidades: Eleito pela Revista NME Britânica como o 2º melhor disco da década de 2000.
01- Vertigo
02- Death On The Stairs
03- Horrorshow
04- Time For Heroes
05- Boys In The Band
06- Radio America
07- Up The Bracket
08- Tell The King
09- The Boy Looked At Johnny
10- Begging
11- The Good Olds Day
12- I Get Along.
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