Há coisas que você só compreende com alguns punhados de anos de vida. Quando adolescentes somos idiotas o suficiente pra rejeitar um monte de coisa legal a nossa volta. Se você ainda faz isso hoje em dia. Você continua sendo um adolescente. Não desses que curtem o Fiuk. Mas adolescente.
Entretanto, passado algumas barreiras, compreende-se a necessidade de deixar certas experiências entrarem na sua vida pela primeira vez.
Me refiro a coisas simples, tangíveis, reais, do cotidiano. Isso que a idade traz: sabedoria para se apegar as coisas mais desprezadas do dia a dia. Coisas que ninguém vê e estão ali presentes. Como sorrisos, gestos, cheiro do café pela manhã e tudo isso que somos forçados a achar irrelevante durante toda a vida. E por que eu estou falando todas essas coisas sem sentido? Porque o The Man Who do Travis só se tornou compreensível quando passei a adorar essas coisas mais simples que listei.
Travis foi fundada na Escócia, isso mesmo, Escócia. Aqueles homens esquisitos que usam saia masculina e tocam gaitas de foles. Lago Ness. David Coulthard. É, estereótipos. Por vezes são muitos necessários. O que importa é que Fran Healy morava em Glasgow e necessitava expor todo seu talento em compor para a comunidade. Para isso, juntou-se a Neil Primrose e Andy Dunlop, no já longínquo ano de 1991. Sob o nome de Glass Onion começaram sua aventura.
A banda só passou a chamar Travis mesmo lá pela metade dos anos 90, porque Fran Healy assistiu e adorou "Paris, Texas" do Wim Wenders (se vocês puderem assistir, assistam). Esse filme é tão fantástico que Bono Vox admitiu certas inspirações para compor The Joshua Three a partir dele. Fabuloso, né não? Com o nome do protagonista do filme estampado na cara, a banda poderia gravar seu primeiro CD em 1996.
De todo modo, só em 1999 que The Man Who foi concebido. Um disco introspectivo, simples, de acordes melódicos e melancólicos do início ao fim. Nada de pessimismo, mágoa, ressentimento, o disco fala sobre sonho, luta, sobre o prazer da virada sobre a vida ("Turn"), cantando as peripécias dessa nossa vida. Singelo, direto, concreto. Do jeito que passei a admirar a vida. Um disco ao melhor estilo trovador. Com certeza deixaria qualquer Beatle orgulhoso.
1- Writing to Reach You
2- The Fear
3- As You Are
4- Driftwood
5- The Last Laugh of The Laugher
6- Turn
7- Why Does It Always Rain On Me?
8- Luv
9- She´s So Strange
10- Slide Show
(Parabéns ao google que alterou o Blogger e me fez não conseguir redimensionar imagens como gosto. Por isso vou alterar o layout dos posts e só utilizar as capas dos discos. São sempre mais bonitas e ofuscam qualquer foto).
Ótimo álbum da banda que mais beira a perfeição que eu já ouvi. Recomendadíssimo, porém acho que 12 Memories, The Invisible Band ou até o mais alternativo Ode to J. Smith possam agradar mais.
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