Talvez, uma das coisas mais impactantes que já ouvi. 1988, Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz lançam essa bomba. Eu, ainda nem era nascido, no máximo já concebido, vai saber..
'Ouça o que eu digo! Não Ouça Ninguém!' tanto musicalmente quanto em suas letras é imperativo, forte, chuta o balde, escancara conceitos. Se eu pudesse atrelar esse disco a alguma fase que qualquer pessoa passaria, ele é perfeito para uma fase explosiva adolescente (mesmo que eu continue a escutá-lo até hoje). Traz o vigor que a idade demonstra com a consciência da passagem e do mundo a sua volta: 'o que nos devem, queremos em dobro, queremos agora'.
Nada é muito bonito, muito concreto e pouco sentimento existe ao nosso redor, mas, de alguma forma é preciso levantar a cabeça e seguir em frente, jogando e brincando com os elementos. Versos parecem conselhos: 'é preciso ter coragem, é preciso estar sozinho, é preciso trair tudo e trazer a solidão. eu sei que eles tem razão, mas, a razão é só o que eles tem.'
A filosofia ou qualquer coisa que Gessinger quis trazer nesse disco marcaram vários traços distintos da minha personalidade. A consciência da individualidade, uma fé cega e um imediatismo concreto a várias questões da vida me acompanham graças a essa obra: 'sei que parecem idiotas, as rotas que eu faço, mas eu tento traçá-las eu mesmo'.
Crescemos com uma inocência e uma pureza irritante, ao chegar perto da vida adulta e com a responsabilidade batendo em sua porta junto com uma invasão de sentimentos, prazeres e sentidos: 'um dia me disseram, que as nuvens não eram de algodão.'
Também fica explícito a vontade de quebrar conceitos e bordões. Afinal, nada nesse mundo tem o mínimo de sentido, as verdades indubitáveis são apenas elementos convencionados, a desconfiança e a necessidade de outro ponto de vista aparecem em: 'desde quando errar é humano? desde quando humano é normal? desde quando errando é que se aprende?
Se eu sou tão ansioso e insuportável como hoje, agradeço muito a ele.
Se fosse destacar um verso do disco, destaco esse: 'na hora H, no dia D, na hora de pagar pra ver, ninguém diz o que disse: 'não era bem assim..' Como não notar esse traço na personalidade humana? Na hora da onça beber água, como diria vovô, quantos permanecem? Quantos aceitam a briga e compram suas ações e palavras? Talvez esse foi o maior ensinamento. A verdade a ver navios, onde já se viu?
Se por acaso hoje sou sonhador, tenho consciência da necessidade de um pouco de personalidade e individualidade e tenho idéia das grandes merdas que existem em nós e ao nosso redor, devo eternamente a essa obra dos Engenheiros do Hawaii, em sua melhor formação, um disco da minha vida, sem dúvida.
- "Ouça O Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém"
- "Cidade Em Chamas"
- "Somos Quem Podemos Ser
- "Sob O Tapete" (Humberto Gessinger; Augusto Licks)
- "Desde Quando?"
- "Nunca Se Sabe"
- "A Verdade A Ver Navios"
- "Tribos E Tribunais" (Humberto Gessinger; Augusto Licks)
- "Pra Entender"
- "Quem Diria?"
- "Variações Sobre Um Mesmo Tema" (Humberto Gessinger; Augusto Licks)
Muito legal todos os álbuns deles são ótimos!
ResponderExcluirEsse título é muito forte "Discos da Minha Vida" e essa escolha foi perfeita!!!!
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