Imagine você como guitarrista de uma banda de rock brasileiro dos anos 80. Sua banda vai bem, é um dos símbolos do novo movimento e você até que toca direitinho. Pois bem, continue imaginando, o seu melhor amigo é o vocalista da bandinha, ele é uma bichona descontrolada, irritante e mimada, mas, extremamente talentoso. Com essa característica, pode te dar belos shows, ou belas merdas em cima de um palco e muita, muita dor de cabeça.
Com o empresário certo, vocês chegam ao topo da música nacional, a banda é rodeada de fãs e começa a fazer a cabeça de uma geração. A crista da onda é uma apresentação no Rock in Rio, o primeiro, que é aclamada pela crítica e pelo público. Tudo parecia ir de vento em polpa para você se tornar uma estrela do rock, mas.. mas.. acontece que o seu melhor amigo, a biba descontrolada, irritante e mimada, mas, extremamente talentoso, aparece na véspera da gravação do novo cd e avisa: 'estou fora.'
É óbvio que você ficaria puto, deixaria de falar com eles por longos anos e teria que tomar uma decisão que mudaria toda sua vida e sua carreira: continuar e assumir a banda ou parar por aí, e voltar pra casa da mamãe.
Essa é um resumo de parte da carreira de Roberto Frejat, um dos músicos da geração anos 80 que eu mais respeito. Frejat assumiu o Barão no fim dos anos 80 e tocou o barco pra frente. Do mesmo modo que Cazuza a partir do disco 'Exagerado' virou Cazuza, o Barão continuou a ser Barão e os dois passaram a conviver paralelamente. Não havia Barão com ou sem Cazuza, havia o Barão e havia Cazuza. E assim ele seguiu com uma liderança carismática e centrada, agora não teria que evitar que o vocalista se matasse, teria que se concentrar no som. Após a consolidação do Barão, em 2001, Frejat parte para um projeto solo. Esse é um momento delicado na carreira de qualquer músico, pode ser honroso e satisfativo como pode ser uma puta cagada. Mas, ele se deu bem.
Frejat formou uma carreira solo das mais bem consolidadas no rock nacional, tanto que podemos perceber o músico Frejat e o Barão Vermelho, como duas coisas distintas e interligadas. Ano passado fui num show e queria ver tanto algumas canções do Barão quanto canções de Frejat. A despersonalização de um músico com sua banda parece ser a chave do negócio, quando os dois monstros começam a conviver de forma digna, o criador pode ser evidentemente percebido. Esse é o disco de estréia da carreira solo de Frejat, o 'Amor pra Recomeçar' de 2002. Com hits como 'Homem não Chora', 'Segredos', 'Amor pra Recomeçar' e 'Quando o Amor era Medo', é um dos discos solistas que eu mais gosto.
Posteriormente falarei qual dessa linha é o pior.
- Som E Fúria
- Quando O Amor Era Medo
- Amor pra Recomeçar
- Segredos
- Eu Não Sei Dizer Te Amo
- Homem Não Chora
- Mão-De-Obra Ilegal
- Ela
- Mais Que Perfeito
- Você Se Parece Como Todo Mundo
- No Escuro E Vendo
- Voltar Pra Te Buscar Sol de Domingo
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