Ahh, o humor negro. O que seria de mim sem ele, han? O humor para mim é extremamente necessário, não viveria sem ele. Afinal, a vida é absurda, nada nessa porra faz sentido, e não levá-la a sério é essencial para a nossa sobrevivência. Um dos causadores da criação desse monstro engraçadinho que sou eu, sem dúvida, é Roger Rocha Moreira. Líder do Últraje a Rigor. O gênio. Gênio mesmo, Roger tem um QI espetacular de 172, além de ser formado em inglês pela Universidade de Michigan. Com esse currículo poderia ser presidente, ou pelo menos ser o deputado mais votado do Brasil. Mas, ainda bem que ele não seguiu esse caminho.
As faixas ao vivo foram gravadas em 1996, mas o disco é de 1999, e conta com todas as maiores obras dessa puta banda. Gosto de todas as faixas, me rende até hoje frases feitas e cômicas sobre vários assuntos do cotidiano e do Brasil. Como são 21 faixas, vou apenas naquelas que mais me identifico e gosto.
Em 'Nada a Declarar', a primeira do show, Roger escancara sobre a falta de senso nas composições de letras populares, onde na falta de algo melhor, se coloca um 'cu' no meio. Melhor um cu no meio, que no meio do cu.. é.. não podia escapar sem essa.
Em seguida apresenta 'Monstro de Duas Cabeças', uma canção que traz um tema que todo homem que se preze conhece, a vívida guerra entre a cabeça de cima, e a de baixo..
Na sequência, 'Giselda': '- olha o salgadão que eu trouxe, pra combinar com esse seu doce'. A doce, às vezes nem tanto, epopéia do homem na relação com as mulheres, no dever dele dizer sim, e ela sempre dizer não.
Em 'Filha da Puta', hit dos anos 80, Roger põe pra fora o sentimento do brasileiro com relação a política, da forma mais clichê e sincera possível. 'A terra até que é boa, o que fode é essa gente'. Esse sempre foi um trunfo da banda, a proximidade com o público falando o que você e eu quer falar, e que fala o tempo todo.
'Eu me Amo' é quase Freudiana, a incansável luta do ser humano em procurar-se no outro, enquanto por muitas vezes a resposta já é conhecida há tempos, bastava procurar em si mesmo.
'Mim quer Tocar' é uma crítica ao reggae, da mesma forma que Zeca Baleiro exerce em 'Babylon'. O ritmo aparentemente não industrial e fruto de uma cultura própria e de um ritual religioso é utilizado cada vez mais como formato enlatado na busca pelo lucro advindo da música. 'Mim que tocar, mim gosta a ganhar dinheiro, me want to play, me love to get the money'.
A minha preferida, sem dúvida, é 'Eu Gosto é de Mulher', da forma mais machista possível. Tem que se gostar mesmo, afinal, não há nada melhor. É por ela que nós passamos as situações mais estranhas e no sense possíveis.
Para fechar, a trilogia 'Inútil' (o rfff clássico de Edgard Scandurra), a canção que ecoou no Brasil pós-ditadura, demonstrando o quanto ainda existia uma falácia (e ainda existe) entre o propagado na mídia como um Estado em pleno desenvolvimento e as mazelas existentes. 'Rebelde Sem Causa', a busca incansável do jovem pelo caminho da rebeldia e aversão a família, mesmo não tendo nenhum motivo para tanto e 'Nós Vamos Invadir Sua Praia', um chute no saco da elite carioca que recusava a ver invasão cultural de outros estados, sobretudo dos paulistas.
Enfim, piada sobre tudo, mas como toda a piada, carregando todo o peso do debate, da sinceridade, e da necessidade sobre a reflexão de várias temáticas. De toda forma, moldou todo um caminho a ser trilhado por mim nesses 21 aninhos de palavras idiotas.
- Nada a declarar
- O monstro de duas cabeças
- Preguiça
- Giselda
- My Bonnie (ao vivo)
- Filha da puta (ao vivo)
- Zoraide (ao vivo)
- Independente Futebol Clube (ao vivo)
- Ciúme (ao vivo)
- Volta Comigo (ao vivo)
- Eu me amo (ao vivo)
- Mim quer tocar (ao vivo)
- Sexo!! (ao vivo)
- Pelado (ao vivo)
- Eu gosto de mulher (ao vivo)
- Inútil (ao vivo)
- O Chiclete (ao vivo)
- Marylou (ao vivo)
- Nós vamos invadir sua praia (ao vivo)
- Rebelde sem causa (ao vivo)
- Terceiro (ao vivo)
Grato! Enriquece ainda mais a obra do artista.
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