Se eu tivesse nascido em meados de 1973, teria a idade que tenho hoje em 1994. Esse ano seria, sem sombra de dúvida, algo que mexeria comigo. O ano que Ayrton se estatelou na Tamburello e que Cobain enfiou um cano de doze na boca não seria de muitas lembranças, só ofuscariam uma terrível queda do alvirrubro Capibaribe para a Série B. Pois bem, nesse ano eu conheceria alguém que só ouvi póstumo, Jeff Scott Buckley.
Uma voz inconfundível, talvez uma das mais belas que eu já ouvi na música e um excelente letrista e guitarrista para um rocker, quase um músico completo. Jeff escreveu em 1994 um dos álbuns mais bem construídos e mais desconhecidos do rock, o 'Grace'. O Grace é foda, e eu vou dizer porque ele é foda. Se alguém lê isso aqui com certa frequência, o que eu duvido muito, vai saber que eu tenho uma queda inabalável por discos de amor e de dor. Pra mim, são os mais sinceros, afinal, o que é humano, é terrivelmente sincero. Olho atentamente composições amorosas procurando sentido em disposições de métrica, claro, nas letras. Mas, com o Grace é diferente, porque ele fala por si só musicalmente. Como descreveu Bono Vox: 'É uma gota cristalina em um oceano de ruídos'. O jazz e o blues que Jeff conheceu na adolescência são a peça principal do disco, dando consequência a narrativa.
E aí que surgem coisas como 'Last Goodbye', 'Lover, You Should Come Over' e uma releitura de 'Hallelujah' de Leonard Cohen, criando um disco terrivelmente sincero e um chute no cunhão de muito nego que acha que não tem coração.
A carreira desse americano foi extremamente meteórica, filho do grande cantor folk Tim Buckley, notadamente reconhecido pela sua voz. A primeira vez que ele abriu a boca em público, em um show em homenagem ao pai, deixou todo mundo de queixo caído. A apresentação rendeu um convite para tocar em uma banda chamada Gods and Monsters. Com um contrato na mão, Jeff pulou da barca alegando que se aliasse a uma gravadora restringiria sua opção musical, o que, não nego que seria verdade.
A partir daí, começou uma série de apresentações no Sin-É, um bar em Nova York, que lhe rendeu a assinatura com a Columbia e o processo de construção do Grace.
Depois de assustar o mundo e começar a preparar o segundo cd, em 1997, um cadáver é encontrado na nascente do Rio Mississipi.
Quem adivinhar quem era, ganha um doce.
Dessa forma trágica, se encerrou a carreira de uma das maiores promessas da década de 90, o que restaram foram influências de um dos melhores discos de todos os tempos.
1. Mojo Pin2. Grace
3. Last Goodbye
4. Lilac Wine
5. So Real
6. Hallelujah
7. Lover, You Should Come Over
8. Corpus Christi
9. Eternal Life
10. Dream Brother
Link: http://www.*4shared*.com/file/rEScZk_O/Jeff_Buckley_-_Grace__1994_.htm
Achei o seu blog enquanto procurava uma foto do Jeff Buckley, inclusive pensando em publicar uma resenha sobre o "Grace", como você fez aqui. Este também é um dos meus álbuns preferidos... Vou seguir seu blog, que é dedicado a coisa que mais admiro: música. Dê uma olhada no meu e siga, caso te agrade... Foi criado recentemente para divulgar contos, poemas e resenhas; coincidentemente os meus escritos têm um tom similar ao "Grace" e afins, é tudo romântico e melancólico, espero que possamos conversar mais, você parece uma pessoa interessante... http://asconfissoesdoexilio.blogspot.com/
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