terça-feira, 19 de julho de 2011

Capital Inicial - Acústico MTV [2000]

Ops, voltei. Perdido entre os últimos dias da OAB, acabei deixando de lado os amados discos. Na verdade, era só uma questão de tempo, até voltarem pros meus braços.

Espólio do Aborto Elétrico, o Capital talvez seja a banda mais Brasiliana de todas, com direito a DVD Ao Vivo em frente a Esplanada dos Ministérios. Seu surgimento se enrola com o próprio aparecimento do rock brasileiro dos anos 80 como assim hoje conhecemos. O Aborto era uma banda punk local, idealizada por Renato Russo e os irmãos Lemos. A partir de 82, Renato dá a louca a partir da morte de John Lennon e decide sair da banda. Foi assim que um cabeludo, cheios de gírias, filho de diplomata é indicado para os vocais, era Fernando Ouro Preto.

Dinho era baterista de Dado Villa-Lobos, na Dado e o Reino Animal (na verdade, escrevia-se em letras minúsculas). O Capital por vários anos na década de 80, encarou o manto da incerteza, foram os últimos de Brasília a estourarem, os últimos a gravarem. Era aquela coisa de ver todo mundo conseguindo as coisas e você ficando pra trás. De toda forma, você além de não conseguir disfarçar sua insatisfação, começava a duvidar de sua própria capacidade.

Finalmente, em 1986, quando a Legião Urbana já explodia com Dois, o Capital lança seu primeiro cd, intitulado com o próprio nome da banda. A partir daí, a banda entrava de vez no rol das mais ouvidas do país, e o sucesso perduraria até 1993. Esse ano, Dinho Ouro Preto (além de Bozzo Baretti), saía pela porta da frente. Uma decisão difícil e de drásticas consequências para ambos os lados. Para a banda, que colocaria o ex- Rúcula Murilo Lima nos vocais, havia a sensação de um imenso vazio, que por mais que Murilo tentasse, não conseguiria preencher. O disco Rua 47, lançado em 1995, foi um fiasco.

Já Dinho, perdia-se completamente sem fazer música. Confessado pelo próprio que o uso cada vez mais constante de drogas naquela época, o definhou e quase o levou à morte. Eram tempos negros, em que a velha imagem de todos de fraque dançando no clipe de 'Música Urbana' parecia tão distante, quanto irreal. Para a sorte de todos, a Polygram lançou um Best Of, muito bem recebido pela crítica em 1998. A turma antiga matava saudade de coisas como 'Independência' e 'Veraneio Vascaína', já os mais novos, resgatavam discos há muito tempo encostados em alguma dispensa pelos pais. Era o renascimento.

O Acústico MTV seria apenas a confirmação disso. Assim como não tenho muita preferência por Best Ofs, também não sou apaixonado por discos ao vivo. Entretanto, esse disco vai além de uma mera apresentação. Tem um significado de fênix, de ressurgimento, não aquela coisa fajuta que o RPM lança há cada 5 anos quando Paulo Ricardo tem alguma briguinha e fica de mal com o resto da turma. Tem gosto de saída do fundo do poço, tem gosto de vida, Dinho que o diga. É esses ensinamentos que a gente tem que levar pra essa merda de vida.

Lançado em 2000, o acústico traz Zélia Duncan e o one-hit man Kiko Zambianchi, alcançando um sucesso estrondoso. Entre as faixas, releituras de músicas antigas do grupo e versões do Aborto Elétrico, que ficaram de presente após a saída de Renato. Um disco que me mostrou uma das melhores coisas que os anos 80 tinham deixado para trás, e que mostra que enquanto estivermos vivos, sempre teremos a chance de consertar o que parece destruído, renová-lo e utilizar para nossa nova vida. Com vocês, Capital Inicial.

01- O Passageiro
02- O Mundo
03- Todas As Noites
04- Tudo Que Vai
05- Independência
06- Leve Desespero
07- Eu Vou Estar
08- Primeiros Erros
09- Cai A Noite
10- Natasha
11- Fogo
12- Fátima
13- Veraneio Vascaína
14- Música Urbana

Link: http://www.*fileserve*.com/file/H3QpVwB




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