Considero que Marcelo Camelo foi o compositor mais influente da minha geração. Admito que seja minha geração, os anos idos de 2000 pra cá. Pelos motivos que já expus quando falei do disco 4, mesmo não sendo meu Hermano preferido, Camelo trouxe de volta o cuidado e o apego a métrica e a letra no rock nacional, carinho esse advindo do bom samba, coincidindo os dois ritmos, como em uma de suas primeiras músicas: 'Azedume.'
Nessa esteira, apresento por aqui o compositor, que após Camelo, vem me impressionando um bucado. Marcelo Jeneci é filho de pernambucanos, criado em São Paulo, no bairro de Guaianases. Eu nunca pus um pé no Sudeste, mas, o que escuto é que esse bairro é conhecido pela grande presença de nordestinos, gente que como Fabiano em Morte e Vida Severina, saiu do sertão procurando dias melhores, alanvancando a economia paulista e trazendo uma grande massa de votos para a maior zona eleitoral do Brasil.
Pois bem, crescendo em São Paulo, Jeneci logo sofreu uma grande empurrão do pai para aprender sanfona, já que o velho consertava acordeões. Mas, o sonho mesmo do papai era que ele se tornasse um músico clássico e virtuoso, e Marcelo logo seguiu para aprender piano, especificamente, jazz. Assim, cresceu impregnado pela música nordestina, tendo a sorte de ter em sua convivência, músicos consagrados como Dominguinhos, amigo do papai Jeneci.
De repente, uma boa chance apareceu, Chico César precisava de um sanfoneiro que entendesse um pouco de piano para acompanhá-lo urgentemente em uma turnê. Indicado pelo arcodeonista Toninho Ferragutti, Jeneci apareceu, fez um teste, e agradou.
A partir daí, começava a saga desse paulista pernambucano acompanhando gente como Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata. Com Vanessa, testou pela primeira vez a arte de composição, a presenteando com 'Amado'. Um hit, que adentrou perante a Som Livre e foi parar como tema de novela global. Com uma boa credencial dessas, não tão importante para a crítica e sim para o público, o caminho começava a ser traçado.
Fundamental para a consolidação da maneira de compor de Jeneci, reconhecido pelo próprio, foi a parceria durante um bom tempo com Fernando Catatau no Cidadão Instigado. Catatau, sempre fã de baladas melosas aliadas ao brega nordestino, despertou em Marcelo o requinte por essa forma de compor sobre amor, que se não é a mais popular, reconheço que seja a mais bela. E assim, chegamos ao seu disco de estréia, Feito pra Acabar. Pra mim, já é uma pérola. Alia-se o multi-instrumentalismo de Jeneci com o guitar hero Edgar Scandurra, Curumim e Laura Liviere, dividindo alguns vocais.
Diante da nova produção nacional, talvez seja o mais requintado dos últimos anos, é bom ficar de olho nesse malandro, que o bicho promete. Nas palavras de um sábio em compor com o piano, Guilerme Arantes: "Acho que a carreira dele será brilhante. O Jeneci faz parte de uma geração que vai representar a vitória de tudo aquilo em que eu acreditava quando comecei - o lirismo, a linguagem doce do piano. Ele será meu parceiro no futuro, com certeza".
02- Jardim do Éden
03- Café Com Leite de Rosas
04- Quarto de Dormir
05- Pra Sonhar
06- Por que Nós?
07- Dar-Te-Ei
08- Longe
09- Tempestade
10- Show de Estrelas
11- Pense Duas Vezes Antes de Esquecer
12- Feito pra Acabar
Link: http://www.*4shared.com*/file/9IBaXNH0/DNA_Marcelo_Jeneci__2010_-_Fei.htm
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