Completando 10 anos esse ano, O Mombojó foi, sem dúvida, a coisa mais legal da cena Recife/Olinda desde a já longínqua Nação Zumbi. Eu, particularmente, depois de ouvir incessamente durante um bom tempo, larguei um pouco dessa turma logo após da morte de O Rafa e da saída de Marcelo Campello.
Entretanto, após a aparição no palco do RecBeat esse ano, meu disco favorito, o Nada de Novo, começou a rodar novamente pela cabeça, entre sussurros, batidas e execuções. Essa rapaziada é o exemplo clássico de que uma banda mesmo totalmente principiante, fruto e participante de uma cena, pode tornar-se ciente da necessidade do experimento de novos sons, e assim, com afinco e profissionalismo, alcançar uma nova atmosfera.
O Mombojó era apenas um grupo de adolescentes que davam ritmo a alguns aglomerados de versos de Felipe S. até o momento em o papai de Marcelo e Vicente Machado, resolveu transformar o grupo em um projeto muito bem arquitetado apto a receber recursos do Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura do Recife.
Com o apoio governamental, veio a oportunidade da gravação do primeiro cd: Nada de Novo. Ao contrário do nome, o disco caiu nas graças do público tanto daqui, quanto da mídia sulista, pela novidade do aglomerado de harmonização de vários instrumentos, misturando nuâncias de jazz, bossa-nova, rock´n´roll, surf music e o caralho a quatro. Por Maurício Valladares, na Revista Ronca Ronca em 2004:
"A bola que Jorge Ben passou pra Fred 04 agora esquenta o gogó do vocalista Felipe. Sonho então com o Credicard Hall lotado, e Felipe cantando músicas como ‘Merda’. O mestre alquimista diria: ‘Que maravilha!’'
Na formação original, percebia-se a presença de: guitarra, baixo, bateria, teclado, violão, flauta e escaleta, além da rabeca, também presente no disco. A consciência da possibilidade de utilização de tantos instrumentos vinha sem dúvida, da Nação Zumbi, que pela idade, já poderia ser considerada a mamãe de muita gente. Eu, em inocente achismo, determino que a partir do surgimento desses caras o rock pernambucano se consolidou como fonte miscigenadora de ritmos e de atenção especial a grafia, a letra.
A coisa ia de vento em poupa, com o lançamento de Homem Espuma, de 2006. Mas, como a vida é injusta pra cacete em várias vertentes, uma tragédia abalou o caminho da banda. Em 2007, O Rafa, flautista e compositor, teve um infarto e faleceu. Sem ele, inevitável ficou a permanência de Campello, que permanecia no grupo graças a amizade com Rafa, não sendo publicamente íntimo dos outros integrantes. Essa dupla perda abalou como um tsunami o som da turma, que agora teria que se virar sem flauta e violões, a guitarra-base passaria para Felipe S. tornando a mistureba mais pobre e menos intensa.
Até aqui, eles continuam muito bem, apesar que confesso que nada pra mim se compara ao primeiro disco, com muita pena posso dizer que o verdadeiro Mombojó se foi com O Rafa.
1- Cabidela
2- Deixe-se Acreditar
3- Nem Parece
4- Discurso Burocrático
5- A Missa
6- Absorva
7- O Céu, o Sol e o Mar
8- Adelaide
9- Duas Cores
10- Estático
11- Merda
12- Splah Shine
13- Faaca
14- Baú
15- Container
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